Monja Coen contou que está com câncer de pele em um vídeo postado nas redes sociais nesta quinta-feira (28). Aos 76 anos, ela explicou ainda que está passando por sessões de quimioterapia.
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“A vida é assim, às vezes a gente passa por momentos em que as coisas não são como a gente gostaria. Mas tudo tem começo, meio e fim”, afirma.
“Eu disse que estou virando um jacaré porque é bem dura esta crosta. Depois de jacaré, quem sabe eu volto a virar um peixinho, não é?”.
Ainda sobre o tratamento, Coen explicou que está utilizando uma pomada nos pontos em que há uma provável concentração de células cancerígenas.
“Estou fazendo uma quimioterapia com uma ‘pomadinha’ que você passa e ela vai fazer ferida onde tiver câncer. Depois a ferida sai e o câncer sai junto”.
O uso da pomada no tratamento do câncer de pele, também conhecido como quimioterapia tópica, consiste em um medicamento, em forma de líquido ou pomada, no qual é aplicado na região afetada pelo câncer (pele ou mucosa).
O câncer de Monja Coen
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de pele é o mais incidente entre os brasileiros, correspondendo a um total que ultrapassa a marca de 229 mil novos casos a cada ano do triênio (2023-2025) – cerca de 31,3% de todos os tumores malignos registrados.
Dentre os fatores de risco, a exposição prolongada ao sol sem proteção adequada promove o contato direto com raios nocivos, aumentando em até dez vezes o risco de câncer de pele.
De acordo com Sheila Ferreira, oncologista da Oncoclínicas, esse índice está diretamente relacionado a fatores intimamente ligados à localização geográfica do país, cuja origem tropical leva à alta incidência solar durante todo o ano.
“Em linhas gerais, a principal causa evitável do câncer de pele é a constante exposição à radiação ultravioleta (UV) sem uso de proteção adequada. Por isso, é preciso estar atento aos efeitos do sol para a nossa saúde. Os melanócitos e queratinócitos (células da pele) são os principais envolvidos no processo de fotoproteção e quando expostos à radiação solar podem aumentar em número e tamanho”, diz.
O surgimento da doença ocorre quando há um crescimento anormal e excessivo dessas células que compõem a pele.
“Resumidamente há dois tipos de classificação para os tumores cutâneos: melanoma, mais raro e que surge em forma de pintas ou sinais, e não-melanoma, responsável por 95% dos tumores cutâneos identificados entre os brasileiros e que se caracteriza comumente pelo surgimento de feridas ou manchas avermelhadas que coçam, descamam e podem sangrar”, explica Sheila.
A médica ressalta que os principais sinais e sintomas de câncer não-melanoma são a presença de lesões cutâneas com crescimento rápido, ulcerações que não cicatrizam e que podem estar associadas a sangramento, coceira, algumas vezes dor e que geralmente surgem em áreas muito expostas ao sol como rosto, pescoço e braços.
“Histórico familiar, características da pele – quanto mais clara mais propensa a desenvolver o câncer – e excesso de exposição solar são fatores de risco para a doença. Manchas com crescimento rápido e feridas cutâneas que não cicatrizam, estão entre os sinais que não devem ser ignorados”.
Para pessoas que costumam ficar expostas ao sol, é preciso reforçar o uso do protetor solar diariamente, principalmente no rosto.
Se a exposição aos raios solares for maior, como na praia ou piscina, por exemplo, é importante abusar do protetor no corpo todo, usar chapéus e evitar horários em que a incidência solar esteja mais forte.
“Pessoas de pele clara, cabelos claros ou ruivos, com sardas e olhos claros são mais propensas a desenvolver o câncer de pele. A idade é um fator que também deve ser considerado, pois quanto mais tempo de exposição da pele ao sol, mais envelhecida ela fica, aumentando também a possibilidade de surgimento do câncer não-melanoma. Ainda assim, independente da cor de pele, idade e período do ano, a regra vale para toda a população: use sempre protetor solar, proteja o couro cabeludo com chapéus e use óculos de sol com proteção contra raios UV”, comenta Sheila.
É importante, ainda, a avaliação frequente de um dermatologista para acompanhamento das lesões cutâneas.
A análise da mudança nas características destas alterações é de extrema importância para um diagnóstico precoce.
O especialista tem o papel de orientar uma proteção adequada para descobrir os possíveis riscos que os raios solares de verão podem causar na pele.
Diferentes tipos de câncer de pele e possíveis tratamentos
O câncer de pele não-melanoma pode ser classificado em: carcinoma basocelular e carcinoma espinocelular. O primeiro é o tipo mais frequente, com crescimento normalmente mais lento.
O diagnóstico se dá, usualmente, pelo aparecimento de uma lesão nodular rosa com aspecto peroláceo na pele exposta do rosto, pescoço e couro cabeludo.
Já no carcinoma espinocelular, mais comuns em homens, ocorre a formação de um nódulo que cresce rapidamente, com ulceração (ferida) de difícil cicatrização.
“Tanto o carcinoma basocelular quanto o espinocelular estão relacionados a alta exposição dos raios solares e devem ser prevenidos com protetor solar e consultas frequentes com dermatologista são importantes para detecção do câncer na sua fase inicial”, aponta a oncologista da Oncoclínicas.
Já o chamado câncer de pele do tipo melanoma, apesar de considerado como sendo de baixa incidência – ele é responsável por 8.450 novos diagnósticos por ano -, é o mais agressivo e requer atenção redobrada.
São geralmente os casos que se iniciam com o aparecimento de pintas escuras na pele, que apresentam modificações ao longo do tempo.
As alterações a serem avaliadas como suspeitas são o “ABCDE”- Assimetria, Bordas irregulares, Cor, Diâmetro, Evolução. “A doença é mais facilmente diagnosticada quando existe uma avaliação prévia das pintas”, sintetiza Sheila Ferreira.
É recomendável a ressecção cirúrgica destas lesões por especialista habilitado para adequada abordagem das margens ao redor da mesma. Posteriormente, dependendo do estágio da doença, pode ser necessária a realização de tratamento complementar.
Quando diagnosticada precocemente, quimioterapia ou radioterapia são raramente necessárias e a cirurgia é capaz de resolver a maioria dos casos.
Cinco medidas essenciais para derrubar as estatísticas de incidência do câncer de pele:
1) Não existe exposição ao sol 100% segura. Use sempre usar protetor solar, mesmo em dias nublados ou na sombra. Os raios ultravioleta, principalmente o UVA, estão presentes com a mesma intensidade, mesmo que não dê para ver o sol. Evite ao máximo se expor aos raios solares, em especial das 10 às 16 horas, sempre use protetor solar e não abra mão de viseiras, chapéus e/ou bonés, bem como roupas e óculos de sol com proteção UV, em momentos de exposição mais intensa aos raios. A regra vale também durante a prática de esportes ao ar livre ou descanso em locais como parques, clubes e praias.
2) Pessoas com histórico familiar da doença ou que tenham de 50 a 100 pintas no corpo devem ser avaliadas com maior frequência e também têm de redobrar os cuidados com a proteção adequada, usando sempre filtro solar e se expondo ao sol com moderação.
3) Independentemente da cor da pele, todas as pessoas devem usar protetor solar para se proteger. Apesar de o câncer de pele ser menos comum entre pessoas com maior quantidade de melanina presente na pele – o que confere uma fotoproteção natural, aumentando a resistência cutânea a esse tipo de dano causado pelo sol -, isso não as torna imunes ao carcinoma espinocelular, carcinoma basocelular e o melanoma. Por isso, a regra vale para todos os indivíduos: evite ao máximo a exposição desprotegida ao sol ou por fontes artificiais.
4) É preciso atenção com feridas na pele que não cicatrizam e também pintas que coçam, que crescem e que sangram. Quando feito o diagnóstico em estágios iniciais os tratamentos são mais eficientes. Se notar qualquer alteração na pele, busque aconselhamento médico especializado. No caso de pintas ou manchas, vale utilizar a escala do ABCDE para identificar qualquer alerta de perigo:
A de assimetria entre as metades da mancha
B de bordas irregulares
C de cores, que avalia a variação da coloração
D de diâmetro
E de evolução (mudança no padrão de cor, crescimento, coceira e sangramento)
5) Alguns subtipos de câncer de pele melanoma podem surgir em áreas do corpo que muitas vezes não observamos com a devida cautela, como genitais, glúteos, couro cabeludo, palmas das mãos, solas do pé, debaixo das unhas e entre os dedos. Por isso, não deixe de estar também atento a essas regiões do corpo.
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