Uma tragédia aérea abalou Washington (EUA) na noite de quarta-feira (29). Um avião da American Airlines, com 64 passageiros a bordo, colidiu com um helicóptero militar em treinamento, com 3 pessoas a bordo, no rio Potomac, próximo ao aeroporto Ronald Reagan.
Equipes de resgate já localizaram 28 corpos, mas as condições adversas do clima dificultam os trabalhos de busca. Em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (30), o presidente Donald Trump confirmou que não há sobreviventes.
Impacto e primeiras investigações
O avião havia decolado do Kansas com destino a Washington, enquanto o helicóptero militar realizava um voo de treinamento com três soldados a bordo. A colisão foi registrada em vídeo e as duas aeronaves caíram no rio Potomac.
O Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB) iniciou as investigações, mas as caixas-pretas ainda não foram localizadas. Um relatório preliminar deve ser divulgado em até 30 dias, enquanto a conclusão final pode levar mais tempo.
Já um relatório inicial da Administração Federal de Aviação (FAA) aponta que a equipe da torre de controle do aeroporto“não estava normal” no momento do acidente.
Segundo informações do ‘The New York Times’, o controlador aéreo responsável pelos helicópteros também estava gerenciando pousos e decolagens, uma função que deveria ser desempenhada por dois profissionais.

Foto: Divulgação/American Airlines
Memórias de tragédias passadas
Este foi o acidente aéreo mais fatal nos Estados Unidos em mais de 20 anos, segundo o NTSB. Em 2009, um avião da Colgan Air caiu próximo a Buffalo, Nova York, matando 50 pessoas. Já em 2001, um voo da American Airlines caiu em uma área residencial de Belle Harbor, Nova York, deixando 260 vítimas fatais.
A tragédia causou comoção na comunidade de patinação artística de Washington, DC. No MedStar Capitals Iceplex, na Virgínia, amigos e familiares prestam homenagens a três adolescentes que estavam no voo.
“Eles não mereciam isso, suas famílias não mereciam isso“, disse El, de 14 anos, à rede ‘NBC’, emocionada enquanto era consolada pela mãe.
O sindicato dos Trabalhadores de Comunicação da América (CWA) confirmou que dois comissários de bordo estavam na aeronave. Em nota oficial, o grupo declarou: “Nosso sindicato está de luto junto com todos os afetados“.
O sindicato Local 602 de Encanadores e Instaladores de Vapores, de Maryland, também lamentou a perda de quatro membros entre os passageiros. “Nosso foco agora é fornecer apoio às famílias enquanto coletamos mais informações”, informou em comunicado.
Especialistas avaliam fatores de risco
O tenente-coronel aposentado Darin Gaub, ex-piloto do helicóptero Black Hawk – modelo envolvido no acidente -, explicou em entrevista ao programa ‘CBS Mornings’ que o espaço aéreo de Washington é extremamente congestionado.
“É uma área de alto risco. Existem corredores específicos e restrições de espaço aéreo que funcionam bem, se forem seguidos“, destacou.
Enquanto as investigações continuam, o governo busca respostas sobre as circunstâncias do acidente. O presidente Trump já assinou um memorando direcionado à FAA, com o objetivo de revisar políticas e garantir a qualificação dos funcionários do setor.
Confira no vídeo abaixo o momento em que o Helicóptero e o Avião se chocam no ar:
Trump responsabiliza políticas de diversidade por acidente aéreo em Washington
Menos de 24 horas após a colisão entre um helicóptero e um avião na capital dos Estados Unidos, o presidente Donald Trump sugeriu que políticas de diversidade na Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) podem ter contribuído para a tragédia.
Durante uma coletiva, Trump afirmou: “Não sabemos o que levou a esse acidente, mas temos algumas opiniões e ideias muito fortes”. Ele indicou que mudanças nos critérios de contratação de controladores de tráfego aéreo durante os governos de Joe Biden e Barack Obama podem ter reduzido os padrões da agência.
O presidente e outros líderes republicanos vêm criticando com frequência os programas de diversidade, equidade e inclusão em agências federais nos EUA. Durante seu governo, Trump se comprometeu a eliminar tais políticas, alegando que elas dividem a população e enfraquecem o país.
Mesmo sem apresentar provas de que as práticas de recrutamento da FAA tiveram influência direta no desastre, Trump e seus aliados reforçaram o discurso contra as políticas de inclusão.
Trump: “Porque eu tenho bom senso”
Quando questionado por um repórter sobre a conexão entre diversidade e o acidente, já que a investigação ainda estava no início, Trump rebateu: “Porque eu tenho bom senso”.
Apesar da acusação, em outro momento, o presidente admitiu que a causa do acidente ainda não foi determinada: “Está tudo sob investigação”.
Trump mencionou critérios do programa de diversidade da FAA, que, segundo ele, priorizam candidatos com deficiências como problemas de audição e visão, perda de membros, paralisia parcial ou total, epilepsia, deficiência intelectual severa, transtornos psiquiátricos e nanismo.
Uma versão arquivada do site oficial da FAA, retirada do ar em dezembro, continha uma lista semelhante de requisitos para o recrutamento. No entanto, não há informações concretas sobre como essa política afetou a contratação de controladores de tráfego aéreo, que representam apenas uma pequena parcela dos mais de 35 mil funcionários da agência.
Em resposta a críticas sobre seus critérios de contratação no ano passado, a FAA declarou que todas as novas admissões precisam cumprir “qualificações rigorosas”, que variam de acordo com o cargo.
A investigação sobre o acidente segue em andamento.
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