A história de Francisco de Assis Pereira, o “Maníaco do Parque”, volta aos holofotes com o lançamento de novas obras sobre sua vida e crimes, como é o caso do novo filme lançado pelo Prime Video.
Entre as vozes que se manifestaram recentemente, a fonoaudióloga luso-brasileira Simone Lopes Bravo compartilhou detalhes sobre os dois anos de correspondência e as visitas que fez ao presidiário na Penitenciária de Iaras, em São Paulo.
Simone, especialista em fonoaudiologia e com interesse em psiquiatria, conta que iniciou uma pesquisa sobre criminosos e decidiu enviar cartas a detentos no Brasil e em Portugal.
“Escrevi uma carta para oito reclusos… só um me respondeu: o Francisco”, explicou ela em entrevista ao portal ‘Uol’. “Ele foi muito solícito… parecia feliz e se disse ‘convertido’”, relatou.
Segundo a fonoaudióloga, o contato se aprofundou, com trocas de mensagens e visitas ao preso, resultando no livro ‘Maníaco do Parque: A Loucura Lúcida’.
Apesar do contato frequente, Simone admite que enfrentava dificuldades para compreender o detento. “Muitas vezes precisava da ajuda do psiquiatra para decodificar o que o Francisco dizia… o que mais me chamava atenção era a desorganização do pensamento”, disse ela.
Para a fonoaudióloga, Pereira é um “ser humano muito doente” e perigoso, alguém que, em sua opinião, não poderia retornar ao convívio social.
Relato sobre ataque no presídio expõe perigos da convivência com o Maníaco do Parque
Outro aspecto da periculosidade de Pereira foi destacado pela psiquiatra Hilda Morana, conhecida por estudar psicopatas no sistema carcerário. Em um episódio narrado recentemente no podcast ‘Surtadamente’, Hilda lembrou um momento de agressão sofrido em 2005, quando Pereira a atacou durante uma entrevista na Penitenciária de Itaí.
De acordo com a psiquiatra, durante a sessão, o detento reclamou do barulho e pediu que a porta fosse fechada, pedido atendido por Hilda apesar das recomendações de segurança. Assim que ficaram a sós, Pereira avançou sobre a profissional, segurando seu pescoço e afirmando:
“E se eu mato a senhora agora?”.
Segundo Hilda, a ação teria sido uma tentativa de chamar atenção, não um ataque intencional de homicídio. Mesmo após o ocorrido, a psiquiatra voltou a encontrá-lo para concluir seu estudo. Em sua tese de doutorado, Hilda descreve Francisco como uma “ameaça persistente”, recomendando controle externo rigoroso para esse tipo de recluso.
Pereira, condenado a 285 anos de prisão por estupros e assassinatos, cumpre a pena máxima permitida no Brasil, de 30 anos, o que possibilita sua saída em 2028.
Essa possibilidade causa preocupação entre especialistas. Para Edilson Mougenot Bonfim, promotor que atuou no caso, “a liberdade do criminoso representa um perigo para as mulheres”, afirmando ainda: “Voltará a matar”.
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