Novas informações sobre a morte de Djidja Cardoso, ex-sinhazinha do Boi Garantido, foram reveladas nesta terça-feira (3), após a liberação de documentos que estavam em segredo de Justiça. O inquérito, obtido pelo portal ‘G1’, confirma que Djidja era torturada fisicamente pela própria mãe, Cleusimar Cardoso.
A empregada da família, que prestou depoimento à polícia, detalhou o comportamento violento de Cleusimar, apontando que as agressões eram frequentes e dolorosas.
Segundo a testemunha, que trabalhava na casa desde 2022, Cleusimar mantinha uma postura agressiva, machucando a filha com beliscões, puxões de cabelo e torções no braço. A empregada afirmou que, em várias ocasiões, Djidja, já debilitada, “mal conseguia se defender”, pedindo à mãe que parasse com as agressões.
O caso ganhou ainda mais atenção devido à criação da seita ‘Pai, Mãe, Vida’ pela família Cardoso. O grupo religioso promovia o uso de cetamina, uma droga sintética de uso humano e veterinário.
De acordo com a empregada, a substância passou a ser utilizada de maneira frequente, junto com o anabolizante Potenay, geralmente aplicado em animais de grande porte para recuperação física. A dependência de Djidja era visível e sua saúde deteriorava-se com o tempo.
Conforme o depoimento, a família tinha um código para encomendar os entorpecentes. “Eles pediam a droga por telefone, dividindo as doses em 20ml para Djidja, 20ml para Ademar e 10ml para Cleusimar”, relatou a funcionária. A situação se agravou tanto que a ex-sinhazinha já não recebia mais visitas e passava a maior parte do tempo sob efeito da droga.
A Justiça do Amazonas aceitou, em julho, a denúncia do Ministério Público contra Cleusimar (mãe de Djidja), Ademar Cardoso (irmão de Djidja) e Bruno Roberto da Silva, ex-namorado da dançarina, por tráfico de drogas.
Além deles, outros sete indivíduos tornaram-se réus no processo. No total, dez pessoas estão envolvidas, sendo que seis permanecem presas e quatro respondem em liberdade.
A decisão foi tomada pelo juiz Celso de Paula, da 3ª Vara Especializada em Crimes de Uso e Tráfico de Entorpecentes (Vecute). O magistrado também negou pedidos de relaxamento de prisão feitos pelas defesas de quatro dos acusados.
Até o momento, as acusações são de tráfico de drogas, mas o Ministério Público não descarta a possibilidade de futuras denúncias por crimes como charlatanismo, curandeirismo, estupro de vulnerável e organização criminosa.
Djidja Cardoso, que morreu em maio deste ano aos 32 anos de idade, estava cada vez mais isolada, de acordo com relatos de familiares e funcionários. “Ela ficou muito dependente [da cetamina], então não vivia mais sem“, afirmou uma parente próxima, que tentou ajudar a dançarina, mas foi impedida pela própria família e funcionários. “Fizemos boletins de ocorrência, mas não conseguimos fazer nada”, desabafou a parente.
A polícia continua investigando o caso, e novos depoimentos podem trazer mais detalhes sobre o ambiente em que Djidja vivia e as circunstâncias que levaram à sua morte.
Fonte: Fábia Oliveira
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