Fotos: Reprodução/Redes Sociais goleiro Ramón Souza

Goleiro baleado em campo não corre risco de amputar, mas vai ficar 4 meses sem jogar

Ramón Souza, goleiro do Grêmio Anápolis, foi atingido por uma bala de borracha após partida contra o Centro-Oeste e deve ficar fora dos gramados por até quatro meses, conforme informou o médico Diego Bento.

O incidente ocorreu na noite de quarta-feira (10) durante a 12ª rodada da Divisão de Acesso do Campeonato Goiano, em Anápolis (GO). A Polícia Militar (PM) abriu um Inquérito Policial Militar para investigar o caso.

Segundo o médico do time, que realizou os primeiros socorros e acompanha Ramón, a lesão foi grave.

Foi uma lesão grave no meio da coxa que queimou a pele e atingiu o músculo reto femoral, que é muito importante para os jogadores no momento do chute”, explicou Diego Bento.

O goleiro Ramón teve uma queimadura na perna e perdeu parte do tecido da pele e um pouco do músculo. A lesão, apesar de séria, deve ser tratada com sucesso, desde que não ocorram complicações, como infecções causadas por estilhaços de plástico remanescentes.

“O goleiro é jovem e tem histórico de boa recuperação. Se não houver complicações, ele ficará até quatro meses sem jogar, afirmou o médico. Atualmente, Ramón está sendo tratado com antibióticos e sutura.

“Ele teve uma lesão na face anterior da coxa e perdeu um pouco de pele. Tem um pouco de lesão muscular também. Além de uma perda de pele central, ele também teve pele desvitalizada por temperatura, com queimadura de terceiro grau no entorno da lesão. Fizemos uma limpeza meticulosa da ferida, lavamos com bastante soro e tiramos as fagulhas de borracha”, disse também.

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“Tiramos os tecidos que estavam desvitalizados e não há risco de morte ou de perder a perna porque não feriu nenhum vaso grande. A lesão tem uma extensão de 3cm a 4cm. Agora é aguardar os próximos dias para ver se ele vai evoluir bem, vamos fazer curativo diariamente para ver se não evolui para infecção e nem necrose desse tecido”, completou o médico do Grêmio Anápolis.

Goleiro está abalado

Extremamente abalado emocionalmente, Ramón Souza expressou preocupação e medo de não poder retornar ao campo.

“Ele está abalado, teve medo de ser uma lesão muito grave e de não poder retornar ao campo. O futebol é a vida dele, é natural esse medo”, finalizou Diego Bento.

O próprio Ramón explicou que a discussão ocorrida no gramado foi “normal de jogo” e não houve agressão física naquele momento. Foi mais bate-boca, empurra-empurra. É normal de futebol“, disse ele.

O Ministério do Esporte condenou a ação da Polícia Militar, classificando-a como desproporcional e violenta. Em nota, o ministério afirmou que a conduta do policial vai contra os princípios básicos de segurança e integridade física.

O Grêmio Anápolis também repudiou o ocorrido e informou que o goleiro foi atendido em campo pelo médico do clube. “O dia 10 de julho fica marcado por um ato violento, sujo e horrível contra um de nossos jogadores, o que jamais será esquecido”, declarou o clube.

Grêmio Anápolis

Foto: Divulgação/Grêmio Anápolis

A Polícia Militar informou que, diante do ocorrido, determinou a abertura de um Inquérito Policial Militar para apurar os fatos com rigor. Ressaltaram que o disparo foi efetuado com munição de elastômero, conhecida como “bala de borracha”, considerada menos letal.

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A PM reafirmou seu compromisso com o cumprimento da lei e reiterou que não compactua com qualquer desvio de conduta por parte de seus membros.

Mãe fala em “sonho interrompido”

Carliane Alves de Souza, 42, mãe do goleiro Ramón Souza, 22, contou à ‘Folha de S. Paulo’ que o filho não jogará mais na Divisão de Acesso do Campeonato Goiano devido ao ferimento causado por uma bala de borracha disparada por um policial militar.

Segundo Carliane, a grande perda de sangue fez com que Ramón desmaiasse em campo.

A mãe, que mora em Goiânia (GO), deslocou-se imediatamente para Anápolis após ver as imagens do filho ferido.

“Estava muito calado, acho que com uma tristeza muito grande. Ele sangrou muito e desmaiou em campo. Ele disse que queimava muito, doía muito, perdeu as forças”, relatou a mãe.

Segundo ela, a ambulância demorou a prestar socorro, agravando a situação.

Esse homem que usa a farda jamais pode ser chamado de policial goiano. Aquele homem é um despreparado. Ele não poderia jamais ter disparado aquele tiro, porque não havia necessidade“, criticou Carliane.

Ela ainda enfatizou que o policial tirou seu filho do campeonato. “Ele não joga mais esse ano. Em vez de estar treinando, está andando de delegacia em delegacia”. 

Ramón, que joga futebol desde os sete anos, sempre sonhou em se tornar um profissional, um sonho que realizou com muito esforço.

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Carliane relembra as dificuldades financeiras enfrentadas pela família: “Somos uma família pobre, pobre de verdade. Teve tempo em que eu, trabalhando como cozinheira, pegava meu salário inteiro para comprar uma luva, comprar uma chuteira, pagar uma viagem”. 

O jovem goleiro tentou afastar seus companheiros dos policiais durante o tumulto e pediu para que o policial abaixasse a arma.

A atitude desse ser humano, totalmente despreparado, não havia necessidade disso. Ele mirou no joelho do Ramón. A sorte é que meu filho deu um passo para trás. Se pegasse na veia femoral, poderia chegar até a óbito“, lamentou Carliane.

O advogado Paulo Pinheiro, do Grêmio Anápolis, está acompanhando Ramón durante os depoimentos na delegacia. O goleiro passou por exame de corpo de delito ainda na noite de quarta-feira (10).

Pinheiro afirmou que serão tomadas todas as medidas legais necessárias na Justiça Desportiva e na Justiça comum para buscar reparação.

IMAGENS FORTES!

Veja abaixo como ficou a perna do goleiro Ramón:

perna goleiro - Ramón Souza

Foto: Reprodução/Redes Sociais

Imagens fortes: policial atira na perna de goleiro durante jogo de futebol

Fonte: G1