O maestro João Carlos Martins anunciou, em 2019, que estava se aposentando do piano, pois não conseguia mais tocá-lo devido a problemas nas mãos. Porém, com a ajuda de luvas biônicas desenvolvidas pelo designer industrial Ubiratan Bizarro Costa, ele conseguiu voltar a fazer o que ama.
Após um concerto realizado em janeiro de 2020, para marcar a primeira vez que tocava piano com os 10 dedos desde 1998, João Carlos Martins participou do programa ‘Altas Horas’ do último sábado (29). O músico se apresentou diante do público e foi aplaudido de pé.
Confira um vídeo exibido no ‘Altas Horas’:
Sem dívidas esse foi o momento mais emocionante do #AltasHoras ❤️ pic.twitter.com/SjpKTJUbpi
— 𝒱𝔦𝔠𝔱𝔬𝔯 🪐 (@vctorgabrie) March 1, 2020
Os problemas de João Carlos Martins
Em 1965, em Nova York, nos Estados Unidos, João Carlos Martins foi convidado a integrar participar de um jogo-treino da Portuguesa, mas teve uma queda que perfurou seu braço direito na altura do cotovelo, atingindo o nervo ulnar, o que provocou atrofia em três dedos e o obrigou a parar de tocar por um ano. Depois disso, ele passou a tocar com dificuldade, mas o problema foi superado e ele conseguiu voltar após longos períodos de fisioterapia.
Contudo, algum tempo depois, o músico também desenvolveu distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (Dort), que o fizeram sair dos palcos novamente.
Já em 1995, na Bulgária, João Carlos Martins foi golpeado na cabeça com uma barra de ferro em um assalto, o que provocou uma sequela neurológica que comprometeu seu membro superior direito. Ele precisou fazer trabalhos de reprogramação cerebral para conseguir movimentar a mão direita.
Ele conseguiu voltar a tocar com as duas mãos, apesar da dificuldade. Porém, precisou abdicar da performance com a mão direita com o tempo, passando a se apresentar apenas com a esquerda – ele chegou a gravar o álbum ‘Concerto Para Mão Esquerda’ em 2001.
Algum tempo depois, João Carlos Martins desenvolveu no seu membro superior saudável, o esquerdo, uma doença chamada contratura de Dupuytren, que provoca o espessamento da fáscia palmar. Passou por outra cirurgia, mas não conseguiu impedir a perda gradual dos movimentos.
Nos últimos anos, ele estava tocando apenas com os polegares e focando na atividade como maestro, até que, em 2019, passou por uma cirurgia para cortar os nervos da mão esquerda. Dessa forma, ele não conseguiria tocar piano de forma alguma.
As luvas biônicas de João Carlos Martins
Agora, com ajuda da luva biônica desenvolvida pelo designer Ubiratan Bizarro Costa, João Carlos Martins voltou a tocar piano com as duas mãos. O músico, que está prestes a completar 80 anos, retomou sua carreira musical de sucesso, mesmo com tantas dificuldades enfrentadas ao longo da vida.
“É a primeira vez em 22 anos que eu coloco os dez dedos no teclado. Eu senti que o grande segredo na vida é levar o seu coração para o coração do público. Eu achei que mesmo com todas as limitações que eu tenho e com o milagre que o Bira fez nas minhas mãos, com essa luva biônica, eu ainda posso transmitir um pouco de emoção. E isso mexeu com meu coração, com meu cérebro, com tudo”, disse o maestro em entrevista à ‘EPTV’, no mês de janeiro.
As luvas biônicas estão em sua sexta versão e demandaram adaptação por parte de João Carlos Martins. Na apresentação que marcou seu retorno aos palcos, no dia 25 de janeiro, no Teatro Municipal de São Paulo, ele tocou obras de Beethoven e Bach com a Orquestra Bachiana Filarmônica do Sesi.
O designer que desenvolveu as luvas biônicas também é fã de música clássica, pois é filho de uma pianista. Segundo informações do ‘G1’, cada par de luvas tem o custo estimado de R$ 1,5 mil e são feitas em uma semana, de forma artesanal.
Cada luva demora pelo menos três horas para ser impressa. A mão é desenhada em em 3D, passando por um software onde acontece análise minuciosa de “camadas” e só depois elas podem ir para a impressora.
O objetivo de João Carlos Martins, que chegou a fazer 24 cirurgias por conta de problemas nas mãos, é aprender a tocar mais rápido. “Eu chegava a fazer 21 notas por segundo. Vou chegar lá. Porque a única coisa que vale na vida é a palavra esperança. E com a esperança você sempre pode provar que Deus existe e essa é a minha meta”, conta.
Repercussão
Os internautas ficaram tocados ao ver o maestro João Carlos Martins tocando no programa ‘Altas Horas’ e comentaram nas redes sociais:
Gente, que genial essa luva desenvolvida para o Maestro João Carlos Martins. Eu como estudante de fisioterapia estou sem palavras! #altashoras pic.twitter.com/oIABheugVJ
— esquerdista safado (@osrstark) March 1, 2020
João Carlos Martins, o pianista que se recusou a parar de fazer o que ama após tantos problemas nas mãos, mostrou há pouco, no #AltasHoras, que voltou a tocar com as duas mãos pela 1ª vez em duas décadas. Uma vida de superação que encontra certa justiça em seus anos finais. pic.twitter.com/bfcQYoHLMS
— Igor Miranda (@igormirandasite) March 1, 2020
Como não se emocionar com o Maestro João Carlos Martins tocando A lista de schindler alguns dias depois do aniversário de 75 anos da libertação de Auschwitz? pic.twitter.com/RUoGpXMFZW
— 𝕬𝖓𝖙𝖎𝖋𝖆𝖘𝖈𝖎𝖘𝖙𝖆/𝖈𝖆𝖈𝖍𝖆𝖈𝖊𝖎𝖗𝖔 (@thidemelo) March 1, 2020
Se eu estou na gravação do #altashoras de hoje, eu aplaudo de pé este homem…. Maestro João Carlos Martins. 👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏
Que grande exemplo de superação. pic.twitter.com/o7X8uHWa4r
— 🇪🇪 Diego El Franco 🇪🇪 (@DiegoFPadilha) March 1, 2020
Eu chorei escutando o João Carlos Martins tocar.#altashoras pic.twitter.com/Khym3AB7qU
— who (@flowerneves) March 1, 2020
Impossível não se emocionar com o maestro João Carlos Martins. Gratidão por nos proporcionar momentos incríveis @oserginho #AltasHoras
— Laura Boving Paiva (@laurabpaiva) March 1, 2020
Chorando horrores ao ver o Maestro Carlos Martins tocar A Lista de Schindler… Quem não conhece, por favor, pesquise pela história do Oskar Schindler, o empresário alemão que salvou a vida de vários judeus durante o Holocausto. Depois, ouça a música novamente. #altashoras
— laurin (@Lauuro) March 1, 2020
Superação.#altashoras pic.twitter.com/tC4Xc1UU1F
— Belma Vaz (@BelmaVaz) March 1, 2020
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