Uma mulher de 31 anos, identificada como Paloma Lopes Alves, morreu nesta terça-feira (26) após sofrer uma parada cardiorrespiratória durante uma hidrolipo realizada em uma clínica estética localizada no bairro do Tatuapé, zona leste de São Paulo.
Paloma foi atendida por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas chegou ao Hospital Municipal já sem vida. O caso, infelizmente, faz recordar vários outros que também aconteceram em 2024.
Segundo o marido da vítima, Everton Silveira, Paloma só conheceu o médico responsável pela cirurgia no dia do procedimento.
“Eu quero justiça pela Paloma! O médico fechou a clínica, sumiu e não falou nada. A justiça precisa ser feita. Eu levei minha esposa para realizar um sonho e agora temos que enterrá-la. Estou sem acreditar”, desabafou ele ao portal G1.
O procedimento foi contratado por meio das redes sociais, com o pagamento de R$ 10 mil feito via transferências bancárias para uma empresa em nome do médico Josias Caetano.
A cirurgia tinha como objetivo remover gordura localizada das costas e do abdome. Paloma deu entrada na clínica Maná Day na manhã de terça-feira (26) e deveria receber alta no final do dia.
Everton relatou que houve demora na chamada por socorro após Paloma passar mal.
“A gente foi fazer o procedimento, e eu estava lá. Uma negligência enorme. Demoraram muito para chamar o Samu. No hospital, tentaram reanimar, mas ela veio a óbito”, explicou ele.
Um boletim de ocorrência obtido pelo portal ‘Metrópoles’ indicou que a provável causa do óbito foi uma embolia pulmonar.
Até o momento, o médico não se manifestou oficialmente, mas a defesa informou que ele deve se pronunciar sobre o caso.
O incidente foi registrado como morte suspeita no 52º Distrito Policial, no Parque São Jorge. O corpo de Paloma permanece no Instituto Médico Legal (IML) para exames.
Hidrolipo: o que é e quais os riscos?
A hidrolipo, também conhecida como lipoaspiração tumescente, é um procedimento estético voltado para a remoção de gordura localizada em regiões como abdome, culote, costas e coxas.
Realizada sob anestesia local, a técnica permite que o paciente permaneça acordado durante a operação, com uma recuperação considerada mais rápida em comparação à lipoaspiração tradicional.
O método é geralmente recomendado para indivíduos próximos ao peso ideal, mas que apresentam acúmulos de gordura difíceis de eliminar.
Contudo, a hidrolipo não é indicada para pessoas com obesidade, grávidas ou mulheres em fase de amamentação.
Apesar de ser mais acessível e rápida, a técnica apresenta riscos que incluem perfurações, trombose e embolia pulmonar, como ocorreu no caso de Paloma.
Especialistas destacam que a aplicação excessiva de anestésicos e outras substâncias pode tornar o procedimento tóxico.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), procedimentos estéticos como a hidrolipo devem ser realizados em ambientes adequados, como clínicas e hospitais que ofereçam suporte para emergências.
Além disso, a entidade orienta que os pacientes pesquisem o histórico do médico e verifiquem a idoneidade do local antes de optar por cirurgias estéticas.
O caso de Paloma Lopes Alves reacende a discussão sobre os cuidados necessários para quem deseja realizar procedimentos estéticos e a importância de buscar profissionais qualificados e estabelecimentos regulamentados.
Médico que fez hidrolipo enfrenta 22 processos por erros em cirurgias estéticas
O cirurgião Josias Caetano dos Santos, responsável pelo procedimento de hidrolipo que resultou na morte da jovem Paloma Lopes Alves, de 31 anos, já responde a pelo menos 22 ações judiciais por negligência médica em São Paulo.
O histórico inclui relatos de mulheres mutiladas, complicações graves e danos permanentes após intervenções estéticas.
De acordo com o advogado José Beraldo, que representa algumas das vítimas, há casos de mulheres que sofreram sequelas irreparáveis. “Mulheres que foram procurar beleza e encontraram o horror, a verdade é essa”, afirmou o advogado.
As ações contra Josias estão em andamento em diversas comarcas da capital e da região metropolitana.
A maioria dos casos foi registrada entre 2022 e 2023, incluindo relatos de pacientes que enfrentaram perda de mamilos, cicatrizes profundas e outros problemas após cirurgias realizadas em condições inadequadas.
Uma das vítimas, que realizou uma mamoplastia redutora em 2019, revelou ter percebido a necrose da aréola apenas dias após o procedimento.
Os reparos propostos pelo médico falharam, e a paciente acabou perdendo o mamilo. No processo, ela solicita uma indenização de quase R$ 70 mil por danos morais, materiais e estéticos.
Além disso, o consultório do médico, localizado no bairro Tatuapé, zona leste de São Paulo, não possui a estrutura necessária para realizar procedimentos cirúrgicos. Mesmo assim, relatos indicam que Josias frequentemente realizava intervenções no local, desconsiderando normas de segurança e ética médica.
Veja fotos do médico Josias Caetano dos Santos, que realizou a hidrolipo em Paloma:
Condenação por erro médico
O histórico de Josias inclui uma condenação em 2013, quando a Justiça determinou o pagamento de R$ 20 mil em danos morais a uma paciente que sofreu hemorragia grave após um implante de silicone em 2007.
A mulher relatou que, após a cirurgia, teve inchaço severo e não conseguiu atendimento imediato do médico.
Segundo o processo, Josias realizou um segundo procedimento em seu consultório, sem a estrutura necessária para emergências, agravando a situação da paciente, que posteriormente foi diagnosticada com anemia pós-operatória.
A decisão judicial apontou negligência no atendimento pós-operatório e considerou que houve inobservância da ética médica.
Diversas denúncias contra o médico foram enviadas ao Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), mas a maioria dos casos foi arquivada.
Em nota, o Cremesp informou que está apurando os fatos noticiados pela imprensa e que as investigações tramitam sob sigilo.
A mais recente acusação contra Josias Caetano envolve a morte de Paloma Lopes Alves, ocorrida na última terça-feira (26).
A jovem realizou uma hidrolipo na clínica Maná Day, também localizada no Tatuapé, mas sofreu uma parada cardiorrespiratória durante o procedimento. O Boletim de Ocorrência aponta a realização do procedimento em condições inadequadas.
Segundo o marido da vítima, Paloma contratou o procedimento pelas redes sociais e pagou R$ 10 mil ao médico. “A justiça precisa ser feita. Minha esposa buscava realizar um sonho, mas agora temos que enterrá-la”, lamentou ele.
O caso foi registrado como morte suspeita no 52º Distrito Policial, no Parque São Jorge. A defesa de Josias Caetano não respondeu aos questionamentos até o momento.
‘Não sou médica para pedir exame, diz Natália Becker em entrevista
Fonte: Hugo Gloss
#COMENTE