Foto: divulgação renato russo

Polícia faz operação em busca de gravações inéditas de Renato Russo

A Polícia Civil do Rio de Janeiro (PC-RJ) deflagrou, no início desta semana, a Operação Será, que busca apurar a existência de gravações inéditas de Renato Russo. O vocalista da Legião Urbana morreu em 1996, mas deixou uma série de registros ao longo de seus anos de carreira.

Inicialmente, veículos de imprensa publicaram que a Delegacia de Repressão contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM) havia apreendido músicas inéditas de Renato Russo em um estúdio na zona sul do Rio de Janeiro. Entretanto, tudo indica que o material obtido pela PC-RJ consiste, na verdade, em registros inéditos de canções que já foram lançadas, como remixagens e versões demo.

O delegado Mauricio Demétrio, titular da DRCPIM, declarou que há “pelo menos 30 músicas em versões inéditas”. “Foi feito um serviço, a pedido de uma gravadora, e há menções de canções e versões de canções inéditas. E a gente tem que confrontar o dono do direito autoral, que é o filho do Renato Russo (Giuliano Manfredini), para ver se ele tinha conhecimento desse material que está no caixa-forte de uma gravadora”, afirmou.

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O estúdio que recebeu a visita da PC-RJ seria do pesquisador e jornalista Marcelo Fróes, que afirmou, em entrevistas ao “G1” e “Uol”, que não há músicas inéditas de Renato no acervo dele. O produtor Carlos Trilha, que trabalhou com Renato Russo e não teve seu espaço de gravações como alvo da operação, reforça que não há músicas inéditas e, sim, gravações diferentes de canções que já são conhecidas do público.

Carlos Trilha comentou, em postagem no Facebook, que “as tais ‘versões inéditas’ de músicas que já existem é quase certo que sejam apenas remixagens utilizando-se as vozes guia das faixas que possuíam este registro (Renato odiaria isso). O que existia de material inédito já foi totalmente espremido”.

Trilha esclareceu, ainda, que a operação não ocorreu nos estúdios dele e que Renato Russo nunca trabalhou diretamente com Marcelo Fróes, que é jornalista e pesquisador. Marcelo produziu apenas materiais póstumos de Renato. “É realmente lamentável que a morte de um artista possa conduzir sua obra à um universo de critério artístico duvidoso dirigido por pessoas que nunca estiveram realmente próximas à ele”, comentou.

Ao “G1”, Marcelo Fróes afirmou que a família de Renato Russo recebeu, em 2002, um relatório com todos os materiais de música do cantor. Neste texto, não há nenhuma citação a canções inéditas do artista.

“É fundamental que as pessoas entendam a diferença entre música inédita, aquela totalmente nova, que ninguém nunca ouviu, e gravação inédita, que é a música já conhecida, gravada de uma forma diferente. Se falarmos em gravações de músicas já conhecidas, posso afirmar que existem muito mais do que 30 inéditas. Há muito material guardado, que também tem um altíssimo valor histórico”, disse.

Já ao “Uol”, Fróes comentou: “Eu sabia melhor do que ninguém que existia material para se fazer conteúdo póstumo, mas esses projetos pararam porque rolam muitas animosidades entre as partes envolvidas. […] Mas, desde 2010, não mexo nesse acervo. Só vejo más notícias sobre isso, e a última delas bateu na minha porta”.

Até o momento, Giuliano Manfredini não se manifestou publicamente sobre o caso.

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Igor Miranda é jornalista que escreve sobre música desde 2007 e com experiência na área cultural/musical.

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