O Centro de Investigação e Prevenção de Acidente Aeronáuticos (Cenipa) divulgou uma nova versão do relatório sobre o acidente aéreo ocorrido em Vinhedo, no interior de São Paulo, na última sexta-feira (9).
De acordo com a atualização feita nesta quinta-feira (15): “durante o voo em rota, a tripulação perdeu o controle da aeronave”.
No documento anterior, o órgão havia informado apenas que o avião “perdeu altura subitamente e colidiu contra o solo”.
A tragédia resultou na morte de todas as 62 pessoas que estavam a bordo da aeronave, que fazia o trajeto entre Cascavel (PR) e Guarulhos (SP).
O acidente ocorreu em um condomínio residencial na cidade de Vinhedo e moradores da região conseguiram registrar o momento da queda.
A investigação inicial, realizada pelo Cenipa, foi conduzida logo após o acidente, com a coleta das primeiras informações que poderiam explicar a queda.
No domingo (11), as autoridades recuperaram os dados das caixas-pretas, que serão essenciais para determinar as causas do acidente.
O Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), da Universidade Federal do Alagoas (Ufal), apontou que o avião enfrentou condições meteorológicas extremamente adversas nos momentos que antecederam a queda.
Segundo o laboratório, a aeronave atravessou uma zona crítica de turbulência e formação de gelo por cerca de nove minutos, entre 13h10 e 13h19.
Humberto Barbosa, fundador do Lapis, destacou que a aeronave atravessou “nuvens supercongeladas com temperaturas de até -40°C”, o que gerou uma situação meteorológica descrita como “caótica”.
A turbulência severa foi um dos fatores que fez o avião perder velocidade de forma brusca, passando de 529 km/h para 398 km/h em apenas alguns minutos.
Já próximo da queda, a velocidade da aeronave caiu ainda mais, de 604 km/h para 491 km/h.
Outro ponto crítico apontado pelo Lapis foi a formação de gelo na estrutura do avião.
A água supercongelada, presente nas nuvens atravessadas pela aeronave, pode ter se transformado em gelo ao aderir à fuselagem, afetando a aerodinâmica e a capacidade de controle do avião.
“Havia um sistema frontal, com muita umidade e turbulência, frio extremo e água supercongelada. Essa situação é capaz de levar a aeronave a entrar em condições de formação de gelo”, explicou Humberto Barbosa.
Segundo o laboratório, a presença de gelo pode ter alterado dados críticos dos sensores da aeronave, como os tubos de Pitot, que medem a velocidade do ar, confundindo a tripulação.
Além das condições de gelo, o Lapis identificou que a aeronave enfrentou ventos intensos vindos de um ciclone extratropical, formado sobre o Uruguai e o Rio Grande do Sul, que contribuíram para a turbulência.
A presença de fumaça de queimadas trazida pela corrente de ar seco da Amazônia também foi um fator relevante, aumentando ainda mais a formação de gelo nas camadas mais altas da atmosfera.
Esses elementos meteorológicos adversos, somados à perda de controle pela tripulação, parecem ter sido determinantes para o trágico desfecho do voo.
O Cenipa ainda deve concluir o relatório técnico preliminar sobre as causas do acidente nos próximos 30 dias. As investigações continuarão para determinar com precisão todos os fatores que contribuíram para a queda do avião em Vinhedo.
Enquanto isso, a Força Aérea Brasileira (FAB), por meio do Cenipa, segue analisando os dados disponíveis para evitar que tragédias como essa se repitam no futuro.
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Fonte: Metrópoles
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