Elza Soares morreu no dia 20 de janeiro de 2022, exatos 39 anos depois da morte de seu ex-marido – o jogador de futebol Mané Garrincha – com quem a cantora viveu um relacionamento conturbado e marcado pela violência.
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Crioula e Neném, como o casal foi apelidado na época, se relacionaram entre os anos de 1962 e 1982.
O polêmico relacionamento de Elza Soares e Garrincha
Elza Soares conheceu o jogador Garrincha e eles começaram a se relacionar quando ele ainda era casado. Na época, a cantora foi extremamente criticada pela sociedade e pela imprensa.
Anos depois eles se casaram e, apesar de conturbado e marcado até por episódios de violência doméstica, o casamento durou 17 anos.
Elza e Garrincha se casaram, dez anos depois nasceu o primeiro filho, o Garrinchinha. Contudo, devido ao alcoolismo do jogador e diversos episódios de agressões físicas e verbais, traições e crises de ciúmes, ela colocou fim no casamento.
Mesmo anos depois do divórcio, Elza Soares ainda afirmou que Garrincha foi o grande amor da vida dela.
Após 91 anos de uma vida difícil e dedicada à arte de cantar, a partida de Elza deste mundo aconteceu coincidentemente no mesmo dia em que Garrincha morreu, só que 39 anos mais tarde.
Garrincha morreu aos 49 anos de idade no dia 20 de janeiro de 1983, em decorrência de uma cirrose hepática. Depois do fim do casamento com o jogador, Elza Soares nunca mais se casou.
O jornalista Zeca Camargo escreveu uma biografia autorizada de Elza Soares, lançada em 2018. No livro, Elza conta que ela e Garrincha brigavam quando ele bebia – e ele bebia todos os dias, ou seja… Há relatos no livro sobre desavenças, insultos e agressões de Garrincha contra Elza.
Em 2014, Elza admitiu ter sentido saudade do ex-marido durante a goleada por 7 a 1 que o Brasil sofreu no jogo contra a Alemanha, na semifinal da Copa do Mundo.
“Foi triste. Chorei muito, fiquei louca. Nunca senti tanta saudade do Mané [Garrincha] como nesse dia. Não só da pessoa, mas do jogador que jogou por chuteiras e bandeiras, do grande jogador que morreu pobre. Você coloca um vídeo do Mané, você não quer tirar. Aqueles dribles dele… Em 1962, o Mané ganhou a Copa. Você vai à Suécia e vê que eles têm verdadeira loucura por ele”, disse Elza Soares na fatídica ocasião.
Fotos: Reprodução/Redes Sociais
Elza Soares morreu, aos 91 anos de idade e de causas naturais, na casa em que vivia no Rio de Janeiro. Considerada um ícone da música brasileira, a cantora era extremamente ativa apesar da idade avançada e tinha pelo menos oito shows já marcados para 2022.
A equipe de Elza Soares anunciou o falecimento através de um post nas redes sociais. “É com muita tristeza e pesar que informamos o falecimento da cantora e compositora Elza Soares, aos 91 anos, às 15 horas e 45 minutos em sua casa, no Rio de Janeiro, por causas naturais”, inicia o comunicado.
Em 2015, Elza Soares lançou o álbum ‘A Mulher do Fim do Mundo‘ e em um dos versos da música pediu: “Me deixem cantar até o fim“. E assim foi!
Segundo o empresário dela, Pedro Loureiro, Elza estava bem e havia gravado um DVD dois dias antes de falecer.
“Ícone da música brasileira, considerada uma das maiores artistas do mundo, a cantora eleita como a Voz do Milênio teve uma vida apoteótica, intensa, que emocionou o mundo com sua voz, sua força e sua determinação. A amada e eterna Elza descansou, mas estará para sempre na história da música e em nossos corações e dos milhares fãs por todo mundo. Feita a vontade de Elza Soares, ela cantou até o fim“.
Elza Soares lançou 34 discos com músicas de estilos musicais diversos ao longo da carreira, misturando samba, jazz, eletrônica, hip hop e funk – e dizia que essa mistura era proposital. O último disco de Elza Soares foi lançado em 2019 e intitulado ‘Planeta Fome‘.
Causa da morte de Elza Soares
“Temos um prazo de validade. Quando a gente fala em causas naturais, falamos que não foi um trauma ou uma doença. Naturalmente você entende que é natural que o organismo pode deixar de funcionar de forma adequada. São acontecimentos considerados aceitáveis dada a idade da pessoa”, explicou o neurocirurgião Fernando Gomes.
O médico comentou a morte da cantora icônica em uma participação no quadro ‘Correspondente Médico’, do jornal ‘Novo Dia’, no canal CNN Brasil.
A Voz do Milênio sobreviveu a uma vida difícil
Elza Gomes da Conceição nasceu em 23 de junho de 1930. Filha de uma lavadeira e de um operário, foi criada na favela de Água Santa, subúrbio de Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro. Com a voz rouca, cantava desde criança seguindo o ritmo dos sambistas de morro.
Dentre as dificuldades enfrentadas por ela, a primeira foi ter sido obrigada a casar aos 12 anos, ter sido mãe aos 13 e ficado viúva com apenas 21. Ao longo da vida, Elza Soares teve uma filha recém-nascida que foi sequestrada e perdeu quatro filhos.
Dois, que foram gerados na adolescência, faleceram recém-nascidos – um deles, morreu de fome. O terceiro morreu aos 9 anos em um acidente de carro e o quarto, faleceu aos 59 anos devido a complicações de uma infecção urinária.
Depois de tudo que passou, Elza se tornou uma das maiores referências no combate à violência contra mulher. Principalmente ao cantar ‘Maria da Vila Matilde‘, no álbum ‘Mulher do Fim do Mundo’, de 2015.
Em diferentes momentos da vida, Elza sempre deixou claro que era uma mulher forte e uma cantora em movimento, sempre pronta a abraçar o que de novo se apresentasse à ela.
“Eu sempre quis fazer coisa diferente, não suporto rótulo, não sou refrigerante”, comparava Elza. “Eu acompanho o tempo, eu não estou quadrada, não tem essa de ficar paradinha aqui não. O negócio é caminhar. Eu caminho sempre junto com o tempo“, disse ela anos atrás.
Elza Soares começou a se destacar na música na cena do sambalanço com ‘Se Acaso Você Chegasse‘, em 1959. Em seu início no samba, ela lançou: ‘O samba é Elza Soares‘ (1961), ‘Sambossa’ (1963), ‘Na roda do samba’ (1964) e ‘Um show de Elza‘ (1965).
Nos anos 1980, Elza fez menos sucesso e chegou a pensar em desistir. Entretanto, ela procurou Caetano Veloso para pedir ajuda e conseguiu se reerguer. Tendo lançado muitos outros álbuns que a levaram a ser conhecida no Brasil e no mundo, considerada A Voz do Milênio.
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