Elza Soares morreu, aos 91 anos de idade e de causas naturais, na tarde desta quinta-feira (20) na casa em que vivia no Rio de Janeiro. Considerada um ícone da música brasileira, a cantora era extremamente ativa apesar da idade avançada e tinha pelo menos oito shows já marcados para 2022.
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A equipe de Elza Soares anunciou o falecimento através de um post nas redes sociais. “É com muita tristeza e pesar que informamos o falecimento da cantora e compositora Elza Soares, aos 91 anos, às 15 horas e 45 minutos em sua casa, no Rio de Janeiro, por causas naturais”, inicia o comunicado.
Em 2015, Elza Soares lançou o álbum ‘A Mulher do Fim do Mundo‘ e em um dos versos da música pediu: “Me deixem cantar até o fim“. E assim foi!
Segundo o empresário dela, Pedro Loureiro, Elza estava bem e havia gravado um DVD dois dias antes de falecer.
“Ícone da música brasileira, considerada uma das maiores artistas do mundo, a cantora eleita como a Voz do Milênio teve uma vida apoteótica, intensa, que emocionou o mundo com sua voz, sua força e sua determinação. A amada e eterna Elza descansou, mas estará para sempre na história da música e em nossos corações e dos milhares fãs por todo mundo. Feita a vontade de Elza Soares, ela cantou até o fim“.
Elza Soares lançou 34 discos com músicas de estilos musicais diversos ao longo da carreira, misturando samba, jazz, eletrônica, hip hop e funk – e dizia que essa mistura era proposital. O último disco de Elza Soares foi lançado em 2019 e intitulado ‘Planeta Fome‘.
Últimas palavras de Elza Soares
De acordo com informações divulgadas pelo portal ‘G1’, a cantora de 91 anos acordou e fez fisioterapia, como de costume.
Foto: Patricia Lino/Divulgação
Porém, Elza estava com a respiração ofegante, mas garantiu que estava bem. Depois de alguns minutos ela foi ficando mais ofegante e chegou a dizer aos familiares: “Eu acho que eu vou morrer“.
Após checarem sua pressão e oxigenação, familiares de Elza notaram uma pequena alteração. Foi quando chamaram o médico da cantora, que enviou uma ambulância até a casa por precaução. Contudo, 40 minutos depois Elza Soares foi mudando o semblante, até que morreu.
“Foi uma morte tranquila, sem traumas, sem motivo. Morreu de causas naturais. Esse, aliás, era um grande medo dela: ter uma morte sofrida, por doença. Hoje, ela simplesmente desligou“, contou o empresário Pedro ao ‘G1’.
“Seus últimos dias foram de uma rainha. Ela gravou DVD, cantou, estava de casa nova, uma cobertura que ela comprou. Estava superfeliz, superbem e morreu no auge de seus 70 anos de carreira. Com tudo que ela demorou uma vida inteira para conquistar”, disse ele.
O empresário se emociona ao lembrar que “no DVD, a última música que ela cantou, cantou em vida, foi: ‘Me deixem cantar até o fim‘”.
Elza Soares está sendo velada na manhã desta sexta-feira (21) no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Das 8h às 10h o velório é fechado para familiares e amigos. Das 10h às 14h, aberto ao público para que fãs e admiradores se despeçam da cantora.
Elza será enterrada no cemitério Jardim da Saudade de Sulacap, a cerimônia será restrita aos familiares e amigos.
Causa da morte
“Temos um prazo de validade. Quando a gente fala em causas naturais, falamos que não foi um trauma ou uma doença. Naturalmente você entende que é natural que o organismo pode deixar de funcionar de forma adequada. São acontecimentos considerados aceitáveis dada a idade da pessoa”, explicou o neurocirurgião Fernando Gomes.
O médico comentou a morte da cantora icônica em uma participação no quadro ‘Correspondente Médico’, do jornal ‘Novo Dia’, no canal CNN Brasil.
Confira o comunicado sobre velório e enterro de Elza Soares, publicado no perfil dela no Instagram:
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A Voz do Milênio sobreviveu a uma vida difícil
Elza Gomes da Conceição nasceu em 23 de junho de 1930. Filha de uma lavadeira e de um operário, foi criada na favela de Água Santa, subúrbio de Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro. Com a voz rouca, cantava desde criança seguindo o ritmo dos sambistas de morro.
Dentre as dificuldades enfrentadas por ela, a primeira foi ter sido obrigada a casar aos 12 anos, ter sido mãe aos 13 e ficado viúva com apenas 21. Ao longo da vida, Elza Soares teve uma filha recém-nascida que foi sequestrada e perdeu quatro filhos.
Dois, que foram gerados na adolescência, faleceram recém-nascidos – um deles, morreu de fome. O terceiro morreu aos 9 anos em um acidente de carro e o quarto, faleceu aos 59 anos devido a complicações de uma infecção urinária.
Elza Soares conheceu o jogador Garrincha e eles começaram a se relacionar quando ele ainda era casado. Na época, a cantora foi extremamente criticada pela sociedade e pela imprensa.
Anos depois eles se casaram e apesar de conturbado e marcado até por episódios de violência doméstica, o casamento durou 17 anos. Curiosamente, ela morreu exatamente na mesma data, 39 anos após o ex-marido.
Depois de tudo que passou, Elza se tornou uma das maiores referências no combate à violência contra mulher. Principalmente ao cantar ‘Maria da Vila Matilde‘, no álbum ‘Mulher do Fim do Mundo’, de 2015.
Em diferentes momentos da vida, Elza sempre deixou claro que era uma mulher forte e uma cantora em movimento, sempre pronta a abraçar o que de novo se apresentasse à ela.
“Eu sempre quis fazer coisa diferente, não suporto rótulo, não sou refrigerante”, comparava Elza. “Eu acompanho o tempo, eu não estou quadrada, não tem essa de ficar paradinha aqui não. O negócio é caminhar. Eu caminho sempre junto com o tempo“, disse ela anos atrás.
Elza Soares começou a se destacar na música na cena do sambalanço com ‘Se Acaso Você Chegasse‘, em 1959. Em seu início no samba, ela lançou: ‘O samba é Elza Soares‘ (1961), ‘Sambossa’ (1963), ‘Na roda do samba’ (1964) e ‘Um show de Elza‘ (1965).
Nos anos 1980, Elza fez menos sucesso e chegou a pensar em desistir. Entretanto, ela procurou Caetano Veloso para pedir ajuda e conseguiu se reerguer. Tendo lançado muitos outros álbuns que a levaram a ser conhecida no Brasil e no mundo, considerada A Voz do Milênio.
Relembre de um dos maiores sucessos de Elza Soares, ‘Se Acaso Você Chegasse’:
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