Foto: Reprodução/TV Globo Clarinha - hospital

Após 24 anos em coma, Clarinha será enterrada sem ninguém descobrir quem ela era

Após permanecer 55 dias no Instituto Médico Legal (IML), o corpo da mulher conhecida apenas como Clarinha será finalmente enterrado, conforme anunciado pelas autoridades nesta quinta-feira (9).

Clarinha, cuja verdadeira identidade permanece um mistério, faleceu em 14 de março de 2024, vítima de broncoaspiração, após viver mais de duas décadas em estado de coma em um hospital militar do Espírito Santo.

Após a morte, a Polícia Científica do Espírito Santo conduziu nove novas tentativas de encontrar familiares de Clarinha por meio de testes de DNA, todas sem resultados positivos.

O coronel Jorge Potratz, que cuidou da paciente durante os anos de internação, confirmou o desfecho das investigações.

“Fizemos todos os esforços possíveis para encontrar alguém ligado a ela, mas infelizmente não conseguimos“, lamentou Potratz.

O coronel Potratz recebeu autorização judicial para prosseguir com o sepultamento de Clarinha. Antes, ele precisará registrar oficialmente o nascimento da mulher de forma tardia, seguido pela emissão da declaração de óbito.

Justamente por isso, a data do enterro ainda não foi definida, dependendo de trâmites legais.

Potratz expressou sua determinação em garantir uma despedida digna: “Ela não vai ser enterrada como indigente. Vai ter que o lugarzinho dela onde poderemos visitar”. 

Mesmo após o sepultamento, os dados biológicos de Clarinha permanecerão disponíveis no sistema da Polícia Civil do Espírito Santo, permitindo que outras pessoas possam, no futuro, solicitar a comparação de DNA para tentar uma compatibilidade genética com ela.

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Clarinha foi atropelada por um ônibus no centro de Vitória em 12 de junho de 2000 e socorrida para o Hospital São Lucas, onde enfrentou cirurgias e acabou entrando em coma devido a um trauma cerebral.

Durante os anos de tratamento, nenhum documento foi encontrado com ela e suas digitais não foram reconhecidas em nenhum banco de dados nacional de identificação.

Agora, depois de 24 anos em coma, Clarinha faleceu e, com seu enterro, espera-se pelo menos oferecer um repouso digno, encerrando um longo período de incertezas.

Foto: reprodução / TV GloboFoto: Reprodução/TV Globo

Tentativas de encontrar família de Clarinha foram muitas

Enquanto ainda estava viva, numa de diferentes investigações e esforços das autoridades, chegou-se a conclusão de que Clarinha poderia ser uma criança que, com 1 ano e 9 meses, se perdeu da família e desapareceu em 1976 na cidade de Guarapari.

“Batizada” no hospital como Clarinha, ela foi atropelada por um ônibus em uma avenida movimentada da capital Vitória no ano 2000.

A mulher foi levada para o antigo Hospital São Lucas, passou por várias cirurgias até ser transferida para o Hospital da Polícia Militar, onde ficou internada em coma desde então.

Os traumas causados pelo acidente deixaram a paciente em um estado de consciência comprometida com, praticamente, nenhuma reação a estímulos, não sendo capaz de abrir os olhos, pronunciar palavras ou obedecer qualquer tipo de comando.

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Segundo testemunhas, a mulher, que nunca foi identificada e passou a ser chamada de Clarinha pelos profissionais da saúde, estava fugindo de um perseguidor quando o ônibus a atropelou.

Uma equipe de reportagem da TV Globo fez uma matéria sobre a mulher que estava em coma há tantos anos, que foi exibida no ‘Fantástico’.

A partir da divulgação a nível nacional, mais de 100 famílias de meninas desaparecidas entraram em contato com as autoridades policiais do Espírito Santo, cogitando a possibilidade de identificação.

Ao todo, em 22 casos os dados se aproximavam às características de Clarinha. Contudo, após detalhamento da investigação, todos foram considerados incompatíveis.

“Depois de uma triagem mais detalhada, quatro casos foram descartados, devido à incompatibilidade de informações ou pelo fato de as pessoas procuradas já terem sido encontradas. O MPES dividiu as 18 pessoas restantes em dois grupos para a realização dos exames de DNA. No entanto, os resultados mostraram-se incompatíveis para traços familiares”, disse a instituição.

Em 2020, uma equipe de papiloscopistas da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) se envolveu nas investigações para tentar encontrar a identidade de Clarinha e sua família.

Através de uma técnica de comparação facial, eles chegaram a essa criança desaparecida há 45 anos durante férias de uma família mineira em Guarapari. Contudo, a hipótese também não foi confirmada.

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