No ano de 1988, mais especificamente no dia 30 de março, Whitney Houston foi vaiada durante a premiação ‘Soul Train Award’, realizada em Los Angeles. No ano seguinte, no mesmo evento, foi vaiada novamente durante a cerimônia.
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As vaias vinham quando o nome dela era anunciado como concorrente nas categorias ‘Melhor Vídeo Musical’ e ‘Melhor Single Feminino de R&B’ (ela perdeu os dois). O descontentamento não era novidade. Há muito tempo o público da música negra não aceitava a imagem de Whitney Houston.
Tão cedo em sua carreira, ela já havia atingido seu ponto de saturação. Sua estreia em 1985, ‘Whitney Houston’, viria a vender mais de 25 milhões de cópias em todo o mundo.
O próximo disco, em 1987, ‘Whitney’, também movimentou muitas unidades. Entre os dois álbuns, ela teve uma seqüência de sete singles consecutivos de número 1 na ‘Billboard Hot 100’, um recorde.
“[Algumas pessoas na platéia] tomaram nojo de mim e não queriam que eu ganhasse outro prêmio”, disse ela em uma entrevista à revista Ebony, em 1991. “Não, isso não faz você se sentir bem. Eu não gosto disso e eu não aprecio isso, mas eu meio que entendo como ignorância”.
A mãe de Whitney, Cissy Houston, publicou um livro de memórias em 2013, onde conta que se lembra claramente de ouvir as pessoas da plateia: “Alguém começou a gritar ‘Branquela! Branquela!’, como se fosse algo inteligente”.
Whitney Houston era branca?
A acusação de que Whitney Houston era branca demais para o final dos anos 80 é uma coisa confusa. O vídeo do momento é uma coisa desconcertante, especialmente o das primeiras vaias.
Os outros concorrentes também eram artistas de crossover: Michael Jackson, Janet Jackson e Jody Watley. Como o pop deles era mais aceitável que o de Whitney?
“Lembre-se que Whitney não estava dançando”, explica Jason King, escritor, músico, curador e apresentador do NPRandB, da NPR, e diretor da ala de Redação, História e Mídia Emergente do Instituto Clive Davis, na NYU.
“Ela não estava tendo rappers convidados como Eric B., ela não estava vestida com tiras de couro e fazendo vídeos de rua com Scorsese, ela não estava cantando sobre a injustiça social como Janet… Ela não tinha credibilidade nas ruas”.
“Meu sucesso aconteceu tão rápido que, quando eu fui lançada, os negros sentiam que ‘ela nos pertence'”, explicou Whitney à Ebony.
“E então, de repente, o grande sucesso veio e eles sentiram que eu não era mais deles, que eu não estava ao alcance deles. Sentiram que eu estava me tornando mais acessível aos brancos, mas eu não estava”.
Em um artigo de dezembro de 1990 para a revista Essence Joy Duckett Cain escreveu: “Talvez mais do que qualquer outra superstar contemporânea, ela está na estranha posição de ter grande popularidade em massa sem provocar grande paixão, de ser amada, mas não particularmente amada, especialmente na comunidade negra. Sim, compramos os discos dela, mas compramos o ato dela? A audiência do ano passado no ‘Soul Train Music Awards’ vaiou com a simples menção de seu nome. Se isso é uma indicação, alguns de nós não compram. Ela simplesmente não nos move do jeito que Aretha fez, do jeito que Anita faz”.
E assim, Whitney foi considerada por alguns como sem alma, tanto como artista quanto como humano. Nas duas frentes relacionadas, ela foi higienizada. Isso é showbiz, no entanto. De novo e de novo em toda a cultura pop, vemos a humanidade sacrificada pelo bem do estrelato.
Não foi tão fácil obter a imagem completa de Whitney nos anos 80. Não havia Google, não havia YouTube. Whitney sabia do que ela era capaz e estádios cheios de fãs também. Mas aqueles que viram seu show ao vivo eram uma fração das dezenas de milhões de pessoas que compraram seus dois primeiros álbuns.
Em entrevista para a revista Essence, ela soava desafiante ao falar sobre as críticas: “O que é negro? Eu tenho tentado descobrir isso desde que eu comecei a carreira. Eu não não sei ‘cantar negro’ – e também não sei ‘cantar branco’. Eu sei cantar. A música não é uma cor para mim. É uma arte”.
Em outra entrevista, para a revista Ebony, ela fala sobre ser uma cantora pop: “Eu sei qual é a minha cor. Eu fui criada em uma comunidade negra com negros. No entanto, eu recebi críticas sobre ser um sucesso pop, mas isso não significa que eu sou branca… A música pop nunca foi toda branca”.
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*O texto não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cifras.
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