Sob um sol escaldante e aos pés da icônica Torre Eiffel, Steven van de Velde, jogador holandês de vôlei de praia, enfrentou vaias ao fazer sua estreia nas Olimpíadas de Paris 2024, no último domingo (28).
O atleta tem um passado conturbado, tendo sido condenado por estupro de vulnerável em 2016.
A participação de Van de Velde nos Jogos não foi justificada por sua delegação. Em um comunicado, afirmaram que “o passado ficou no passado” e que o incidente não deveria influenciar a participação nas Olimpíadas.
Em 2016, Van de Velde foi condenado a quatro anos de prisão no Reino Unido pelo estupro de uma menina de 12 anos, ocorrido dois anos antes, quando ele tinha 19.
Ele cumpriu 13 meses de prisão – doze no Reino Unido e um na Holanda – antes de ser libertado. Na Holanda, sua sentença foi reduzida quando a ofensa foi reclassificada como “atos indecentes/fornicação”.
Apesar do seu histórico, Van de Velde voltou a competir no vôlei de praia e participou da partida deste domingo (28), onde foi alvo de vaias repetidas do público. Contudo, ele também recebeu alguns aplausos de outros espectadores.
Entre os presentes, a opinião de Melissa Gautier, uma profissional de saúde de 23 anos, refletiu o sentimento de muitos: “Ser um atleta não deveria lhe dar passe livre”, afirmou ela.
‘Protegendo um estuprador de crianças’, admite porta-voz nas Olimpíadas
O Comitê Olímpico Holandês informou que Steven van de Velde ficará afastado dos demais atletas da delegação, fora da Vila Olímpica, e não concederá entrevistas.
“Sim, estamos protegendo um estuprador de crianças condenado”, afirmou John van Vliet, porta-voz do time olímpico holandês, que isentou o jogador de entrevistas após o evento.
Ele justificou a decisão dizendo que a equipe queria permitir que Van de Velde se concentrasse no torneio.
Na manhã de domingo (28), Van de Velde entrou em quadra com seu parceiro Matthew Immers, sob aplausos de torcedores holandeses.
No entanto, seu nome foi vaiado ao ser anunciado no sistema de som da arena. As vaias se repetiram durante a partida, especialmente quando ele ia sacar.
A dupla holandesa foi derrotada pelos italianos Alex Ranghieri e Adrián Ignacio Carambula por 2 sets a 1. Van de Velde e Immers competiram novamente nesta quarta-feira (31).
Após a derrota, Immers conversou com a imprensa e se disse decepcionado com a atenção da mídia sobre o caso.
“Eu o conheço, jogamos juntos há dois ou três anos e disputamos todos os torneios. O que aconteceu no passado fica no passado. Ele já cumpriu sua pena. Para mim, seu caso é um grande exemplo de que podemos crescer e aprender muito”, afirmou Immers.
A participação nos Jogos Olímpicos gerou controvérsia, com atletas e ativistas de direitos das mulheres se opondo à decisão do Comitê Olímpico da Holanda e do Comitê Olímpico Internacional de permitir sua participação.
Comentarista diz que Steven van de Velde viveu ‘romance’ com a criança
Emma Woolf, comentarista de TV britânica, está sendo investigada após comparar um caso de estupro a um “romance de verão” durante uma transmissão na segunda-feira (29). A declaração gerou controvérsia e levou as autoridades a agirem.
Woolf comentava sobre o jogador holandês Steven van de Velde, que foi condenado a quatro anos de prisão em 2016 por estuprar uma menina de 12 anos que conheceu na internet. Na época, ele tinha 19 anos.
Ele cumpriu parte da pena na Inglaterra e depois foi transferido para a Holanda, onde a sentença foi reclassificada.
Na Holanda, a lei considera que o ato sexual não forçado com um menor de idade é “fornicação”, não estupro. Van de Velde ficou preso por um ano antes de ser libertado.
A comentarista Emma Woolf afirmou que não se tratava de um estupro. “Se eu fosse julgada por tudo o que fiz de errado entre os 12 e os 19 anos, provavelmente estaria na prisão“, disse a comentarista no canal GB News.
Ela acrescentou: “Na verdade, parece um romance de verão muito inapropriado”.
Woolf também comentou que conhece “meninas de 12 anos que são atrevidas e agem como se tivessem 16 anos”, o que aumentou ainda mais a indignação do público.
O ‘Ofcom’, órgão regulador das telecomunicações do Reino Unido, informou ao ‘DailyMail’ que recebeu diversas reclamações sobre os comentários de Woolf e está investigando o caso.
As declarações de Emma Woolf geraram uma onda de críticas nas redes sociais e na mídia mundial, levantando debates sobre a forma como crimes sexuais são tratados e discutidos publicamente.
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Fonte: Terra
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