Fotos: Reprodução/Instagram Jotta A

Ex-cantor gospel, Jotta A apresenta novo nome no RG após transição de gênero

Ella Viana de Holanda é o novo nome do ex-cantor gospel Jotta A, que passou por uma transição de gênero.

Nesta segunda-feira (13), a artista compartilhou uma foto de seu novo RG no Instagram, mostrando a nova alcunha oficial. Me chame pelo nome, Ella, pediu.

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Jotta A, nascida em Rondônia, gravou o primeiro CD com 6 anos de idade e ficou famosa ao participar do ‘Programa Raul Gil‘, do SBT. Em 2014, foi indicada ao Grammy Latino com o álbum ‘Geração Jesus’.

Contudo, apesar do sucesso no gospel, enfrentava uma batalha interior, pois já se enxergava como mulher, mas vivia em um corpo de homem – aprisionada pelos preceitos de grande parte da Igreja Evangélica do Brasil, que exclui a população LGBTQIA+ depositando culpa e medo sobre ela.

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Há três anos, Jotta A decidiu romper com a Igreja e deixar o gospel. Aos 25 anos de idade, ela falou sobre a nova fase da vida.

Recomeçar não é fácil, mas estou feliz por estar vivenciando todo esse processo. Feliz em ter tantas pessoas que me apoiam e acreditam em mim nessa nova etapa”, disse Ella no Instagram.

“Ameiii, prazer Ella”, escreveu Rebecca nos comentários. “AMIGAAAAAAAA. Eu estou tão feliz por ver essa publicação. Que alegria”, disse Carol Novaes. Te amo! Muito orgulho“, afirmou a influenciadora Karen Kardasha.

No mês de abril de 2022, Ella – ainda Jotta A – anunciou aos seguidores que passaria pela transição e compartilhou a primeira vez que iria ao cartório para pedir mudança do nome de registro.

Durante o processo de transição, Ella passou por algumas cirurgias para readequação do rosto e do corpo. Todas foram realizadas na ‘Transgender Center Brazil‘, em Blumenau, Santa Catarina.

Trata-se de uma das maiores clínicas privadas do país, que é referência no atendimento a pacientes transexuais.

Os procedimentos duraram cerca de quatro horas e quem os realizou foi o Dr. José Carlos Martins Jr., médico brasileiro conhecido internacionalmente por ter operado mais de 500 pacientes transexuais. Ele é autor do único livro em língua portuguesa sobre cirurgias de gênero.

Para o médico, as cirurgias de feminização propiciam a leitura de uma nova identidade, uma vez que permitem contornos mais femininos com resultados expressivos.

“As cirurgias englobaram recontorno da testa, contorno dos ossos da face, nariz e prótese de mamas primárias e correu tudo bem nos procedimentos. Em cerca de dez dias a paciente terá alta médica e passará por mais uma avaliação antes de voltar para casa”, explicou o Dr. Martins em entrevista ao portal ‘ND Mais’, de Santa Catarina.

Ella disse estar muito feliz e realizada com o resultado. “Desde que assumi minha homossexualidade em 2020 sentia que precisava de mais. Me tornar uma mulher foi libertador e ver essa mudança no espelho é uma realização”, pontuou a cantora.

Veja fotos de Ella compartilhadas no Instagram, onde ela é acompanhada por 748 mil seguidores:

Ella

Fotos: Reprodução/Instagram

Confira a publicação da cantora mostrando seu novo nome:

 

Ver essa foto no Instagram

 

Uma publicação compartilhada por Ella (@jottaa)

Jotta A passa a se chamar Ella

Em entrevista à revista ‘Carta Capital’, Ella contou sobre o processo até se assumir uma mulher transexual e o rompimento com a igreja.

“Ainda é um tabu muito grande falar sobre gênero e sexualidade dentro da igreja, porque não existe esse assunto lá. Existe uma parede que você não consegue ver além daquilo. Então pra mim foi muito difícil porque eu não sabia que existia a possibilidade de conversar sobre isso“, disse Ella.

Ainda durante entrevista, a cantora falou sobre as dificuldades enfrentadas no relacionamento com as pessoas.

“Eu acho que apesar de nós cultuarmos divindades, nós sempre vamos lidar com seres humanos. Eu acho que isso é um fato e eu sempre tive essa maturidade de saber que independe no que eu acreditava, eu teria que lidar com seres humanos. E seres humanos têm as suas diferenças, têm as suas fraquezas, têm as suas falhas. E a gente sempre vai ter que lidar com o amor e o ódio, não somente na religião”, disse Ella.

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Apesar da resistência da maior parte dos religiosos, existem algumas lideranças evangélicas e católicas no Brasil que têm se posicionado contra o preconceito e escolhido acolher a população LGBTQIA+ e amar, “como Jesus ensinou a amar todas as pessoas”. 

“Parafraseando aqui algo que o arcebispo Desmond Tutu disse outro dia, ‘Eu me recusaria a ir para um céu de um Deus homofóbico‘. Porque seria completamente contrário a tudo que eu penso e reflito sobre o que é Deus. Se Deus é amor, descrito tantas vezes no Novo Testamento, como pode Deus ser homofóbico? Como pode existir um céu, um paraíso homofóbico? Se isso é o paraíso, eu me recusaria a ir para esse tipo de paraíso”, disse o Reverendo Anglicano Josué Soares Flores, em entrevista à ‘Carta Capital’.

Sobre a transição de gênero de Ella, a cantora ainda disse mais.

“Na verdade eu sempre me entendi como mulher trans, mas eu não sabia como expressar aquilo, não sabia que aquilo era possível e como me encontrar naquele caminho”, admitiu a cantora, que se viu diante de um desafio, pois se sentia inadequada no corpo de nascimento.

Com o tempo, Ella conseguiu se encontrar como uma mulher trans. A transição de gênero contribuiu muito para levá-la a entender sua verdadeira identidade e conseguir se sentir bem na própria pele.

Depois desse processo todo, a cantora segue com uma nova carreira no pop. Ela lançou o álbum ‘Apollo 11’, que marca esse novo momento na música. “Espero que as pessoas possam entender a mensagem que pretendo transpassar, disse a cantora no momento do lançamento.

O fato é que Ella se aprofundou – tanto no pessoal, quanto no profissional – para decolar no gênero com que realmente e verdadeiramente se identifica.

“E esse momento que eu tô vivendo, não é somente eu que estou vivendo. Me anima muito saber que enquanto eu tô aqui contando a minha experiência de vida, outras pessoas tão vivendo isso também. Então nas minhas músicas, pouco a pouco, eu estou contando essas fases que todo mundo que tem essa experiência de se expressar vivem também. Momentos de luta, momentos de solidão, de solitude, de se autoconhecer. E eu tento traduzir isso através da arte, declarou Ella em entrevista.

Confira abaixo uma matéria feita pela ‘Carta Capital’ sobre cantores que enfrentam LGBTfobia no meio gospel:

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Jotta A: ex-cantor gospel anuncia transição de gênero como mulher trans