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Funcionários da VoePass chamavam aeronave de ‘Maria da Fé’

Ex-trabalhadores da VoePass, a empresa aérea envolvida no recente acidente em Vinhedo, interior de São Paulo, relataram preocupações graves sobre a manutenção das aeronaves.

Em entrevistas ao programa Fantástico, da TV Globo, eles revelaram que uma das aeronaves era conhecida internamente como “Maria da Fé”, devido à precariedade que fazia com que “só voasse pela fé”.

Imagens obtidas de dentro de uma das aeronaves mostraram uma poltrona parcialmente solta do piso e a fresta de uma porta sugando um pedaço de papel.

Um dos ex-funcionários, que preferiu não se identificar, disse que a empresa colocava a “segurança em segundo ou terceiro plano”, priorizando o lucro.

“A gente tinha um avião que apelidava de ‘Maria da Fé’, porque só voava pela fé. Não tinha explicação como um avião daquele estava voando”, afirmou ele.

O Sindicato Nacional dos Aeronautas, representado por seu diretor-presidente, Henrique Hacklaender, relatou que as reclamações sobre a VoePass aumentaram desde a pandemia de Covid-19, em 2020.

Segundo Hacklaender, os tripulantes vêm “experimentando níveis de fadiga mais elevados” e as falhas no sistema de ar-condicionado das aeronaves se tornaram comuns.

Em um relato recente nas redes sociais, a jornalista Daniela Arbex compartilhou que havia viajado em uma aeronave da VoePass apenas um dia antes do acidente.

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Ela descreveu a situação como “terrível”, com passageiros passando mal devido ao calor, já que o ar-condicionado estava desligado.

“Filmei as pessoas passando mal durante o voo por causa do calor que fazia dentro da aeronave sem ar-condicionado”, escreveu Arbex.

Um outro ex-funcionário, o comandante Ruy Guardiola, relatou um episódio alarmante em que a equipe de manutenção da VoePass utilizou um “palito de fósforo” para resolver um problema no sistema antigelo de um avião.

Guardiola, que foi um dos primeiros pilotos do modelo ATR no Brasil, explicou que essa improvisação ocorreu em 2019, quando a empresa ainda operava sob o nome de Passaredo.

A falha no sistema antigelo é uma das hipóteses levantadas para explicar o acidente que deixou 62 mortos em Vinhedo.

Outras possibilidades incluem a formação de gelo nas asas devido às condições meteorológicas no dia do acidente e um possível dano causado por um “tailstrike” em março deste ano, quando a cauda do avião teria atingido a pista.

A VoePass, que opera desde 1995, acumula cerca de 150 processos na Justiça desde 2021, a maioria relacionada a pedidos de indenização por danos morais.

Além disso, quase 900 reclamações foram registradas no site Reclame Aqui nos últimos 12 meses, com a empresa respondendo a menos de um terço delas. As principais queixas envolvem cancelamentos de voo, qualidade do serviço prestado e reembolsos.

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O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) concluiu a perícia inicial no local do acidente e segue analisando os dados recolhidos, incluindo as informações das caixas-pretas do avião.

A Força Aérea Brasileira (FAB) ainda não divulgou o relatório preliminar, mas afirmou que a investigação buscará identificar todos os fatores contribuintes para o acidente. Entre as hipóteses em análise, estão a formação de gelo nas asas, problemas no ar-condicionado e possíveis danos estruturais anteriores.

O relatório preliminar sobre o acidente deve ser divulgado dentro de 30 dias, conforme informado pelo Cenipa.

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Fonte: Metrópoles

Sou jornalista, mas nas horas vagas gosto de fingir que sou influenciador digital. Me segue no insta! @meunomenaoedolfo

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