Foto: divulgação gilberto gil

Gilberto Gil afirma em programa de TV que Deus é uma invenção do homem

O cantor Gilberto Gil falou sobre suas crenças pessoais em participação no programa ‘Papo de Segunda Verão’ do canal de TV pago GNT, na última segunda-feira (17). Em determinado momento do bate-papo, o artista chegou a dizer que Deus é uma invenção do homem e não o contrário.

O assunto veio à tona após Gilberto Gil ser perguntado se acredita que Deus possa estar satisfeito com os acontecimentos no Brasil nos últimos anos. “Ninguém sabe quais são os desígnios de Deus, porque ele quer que seja assim ou porque ele quer que seja assado”, respondeu o cantor, conforme transcrito pelo ‘Uol’..

Em seguida, ele complementou: “Eu costumo dizer que nós é que criamos isso; Deus é uma invenção do homem. A crença geral é que é o oposto, que o homem é que foi criado por Deus”.

Adepto de Xangô, do candomblé, Gilberto Gil também comentou a respeito da importância da fé para a população como um todo. Para ele, ter uma crença auxilia com que as pessoas adotem uma forma de vida “relativa àqueles preceitos e mandamentos de Deus”.

“A religião no modo geral, a crença não só em uma transcendência, de uma possível vida depois desta, mas também à regência feita por essa instância superior, normatizando procedimentos e comportamentos, é uma coisa que as religiões adotam e isso acaba, na maioria dos casos, levando as pessoas a uma adoção de uma maneira de ser relativa àqueles preceitos e mandamentos de Deus”, afirmou.

Ele pontuou que Deus se encontrava mais próximo dele na infância. “A gente rezava e celebrava a festa de Santo Antônio, festa de São Pedro, de Reis, de Nossa Senhora. Eu era muito ligado com aquele modo e compreensão do homem com a vida e com a natureza a partir da religiosidade católica. Depois, no decorrer da vida, fui encontrando outras formas de interpretar a realidade”, disse, citando a filosofia e a ciência como pontos de distanciamento da religião.

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O artista também destacou que segue dizendo expressões como “graças a Deus” e “Deus lhe proteja”, além de admirar todos aqueles que têm fé. “Agora, é absolutamente estranho que a pessoa tenha círculos religiosos que hostilizem os outros, e mais do que isso, que querem o extermínio dos outros, o desaparecimento do próximo, negando a função de amor”, concluiu.

Embora esteja mais distante da religião, Gilberto Gil nunca abandonou o candomblé. Em 2019, ele participou do projeto ‘Obatalá — Uma homenagem a Mãe Carmem’, que reúne Grupo Ofá e Flora Gil, sua filha, entre outros artistas, para celebrar a importância da crença em questão na cultura do Brasil.

“Esse trabalho tem uma função didática, pedagógica de instrução, de valorização e de referência para a Bahia e o Brasil como um todo. O candomblé é um elemento da civilização brasileira e esse disco será um aspecto importante do candomblé”, disse Gil, à época, em entrevista ao ‘Correio Braziliense’.

No mesmo bate-papo, ele completou: “Em tempos de intolerância religiosa, o momento é propício para a concepção da obra. Somos um país, uma nação, uma sociedade que acolhe matrizes de várias procedências do ponto de vista religioso. A dimensão da religião afro-brasileira, que também está presente no ritmos, proporciona a disseminação deste saber para o campo da música brasileira”.

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Igor Miranda é jornalista que escreve sobre música desde 2007 e com experiência na área cultural/musical.

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