Uma servidora pública de 44 anos morreu após realizar um procedimento estético no rosto em uma clínica em Goiânia, Goiás. O caso, infelizmente, faz recordar vários outros que também aconteceram em 2024.
Segundo a Polícia Civil, a vítima, identificada como Danielle Mendes Xavier de Brito Monteiro, sofreu uma reação alérgica grave a uma substância sem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Danielle – servidora pública que trabalhava na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Vila Nova, em Goiânia – passou pelo procedimento no sábado (30) e foi levada ao hospital após uma parada cardiorrespiratória.
Apesar do atendimento médico, ela não resistiu e faleceu no domingo (1º).
A delegada Débora Melo, da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra o Consumidor (Decon), informou que Danielle chegou à clínica para uma avaliação, mas acabou convencida a realizar o procedimento no mesmo dia.
Após a aplicação da substância, identificada preliminarmente como hialuronidase, Danielle sofreu um choque anafilático (reação alérgica grave e potencialmente fatal que causa queda de pressão, dificuldade para respirar e pode levar à morte).
“A hialuronidase é utilizada para remover preenchimentos anteriores, mas a versão usada no procedimento, conforme suspeitas iniciais, não tinha registro na Anvisa”, explicou Débora.
O produto foi aplicado na região abaixo dos olhos. Segundo a delegada, a clínica não possuía os equipamentos necessários para atendimento de emergências, como epinefrina e desfibriladores.
“Essas situações mostram que até os procedimentos mais simples podem representar riscos graves”, destacou a delegada responsável pelo caso.
A responsável pela clínica foi presa preventivamente, mas a investigação ainda está em andamento. Inicialmente, ela foi detida por crimes como execução de serviço de alta periculosidade, exercício ilegal da medicina e oferta de produto impróprio ao consumo.
Durante a fiscalização no local, a Vigilância Sanitária encontrou medicamentos vencidos, anestésicos de uso hospitalar e materiais cirúrgicos em condições inadequadas de esterilização.
Além disso, a dona da clínica também ministrava cursos sobre procedimentos estéticos invasivos, conforme apontado pela investigação.
Nas redes sociais, a empresária se apresenta como biomédica e enfermeira. O Conselho Regional de Biomedicina (CRBM-3) confirmou que a profissional possui registro ativo e está habilitada em Biomedicina Estética.
Em nota, o órgão lamentou o ocorrido e informou que as circunstâncias estão sendo apuradas.
Ana Elise Coelho, irmã da vítima, criticou a conduta da equipe da clínica, alegando que houve demora para acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
“Descobrimos no hospital que a esteticista tentou fazer uma traqueostomia na minha irmã. Isso atrasou o socorro e pode ter sido decisivo para o desfecho trágico”, disse Ana.
Danielle deixa dois filhos adolescentes, de 16 e 18 anos. A família cobra justiça e questiona a falta de fiscalização sobre a atuação de clínicas de estética.
Os advogados da proprietária da clínica, José Patrício Júnior e Antônio Celedonio Neto, negaram as acusações. Em comunicado, a defesa afirmou que a empresária possui formação adequada e que os produtos utilizados na clínica têm autorização para comercialização.
A Polícia Civil segue investigando o caso, e um inquérito foi instaurado para apurar as circunstâncias da morte. A clínica permanece interditada, enquanto novas diligências estão sendo realizadas para coletar provas e esclarecer os fatos.
A tragédia reacende o debate recente sobre a segurança em procedimento estético e a fiscalização de clínicas que oferecem esse tipo de serviço.
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Fonte: Hugo Gloss
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