Foto: Reprodução/Instagram anitta

Anitta no Rock in Rio: de barrada em 2017 ao Palco Mundo em 2019

Ninguém tem dúvidas de que Anitta é a maior cantora pop do Brasil na atualidade.

No melhor momento de sua carreira, a funkeira vive vertiginoso crescimento internacional, diversas parcerias marcadas, destaque em publicações estrangeiras, bilhões de visualizações em plataformas de streaming e números cada vez mais impressionantes nas redes sociais.

Por tudo isso (e muito mais!), não impressiona que Anitta tenha sido a primeira atração a ser confirmada para o Palco Mundo do Rock in Rio 2019. Anunciando mudanças importantes em seu cerne, o festival garantiu o nome da funkeira desde dezembro de 2017.

“Graças a Deus o funk chegou num status, num tamanho de público que é compreensível que hoje caiba num festival tão grande com muitos públicos diferentes”, disse a cantora, à época do anúncio.

Com o passar do tempo, foram confirmados, na mesma data, a estrela internacional Pink, o grupo Black Eyed Peas e a cantora H.E.R. Os shows acontecem na Cidade do Rock no próximo dia 5 de outubro.

Anitta: de vetada à atração principal

Se hoje Anitta pode rir à toa e gozar de seus dias de glória, é válido lembrar que nem sempre as coisas foram assim. Mais cedo naquele mesmo ano de 2017, a funkeira foi vetada do Rock in Rio pelos organizadores. Mesmo sendo aclamada pelo público, a cantora ficou de fora do festival.

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Em uma declaração ao jornal ‘Folha de S. Paulo’, o vice-presidente do Rock in Rio, Roberta Medina, explicou o motivo do não-convite à artista. “Ninguém sobe neste Palco Mundo sem estar preparado, é muita pressão. Tem toda uma questão técnica, não dá para entrar de um dia para o outro”, disse.

Ele se refere ao pontual episódio em que a diva pop Lady Gaga precisou cancelar o show de última hora. Na época, houve uma movimentação na web para que Anitta ocupasse o lugar de Gaga.

organização afirma que, por conta do pouco tempo entre o cancelamento e a data do show (um dia), a mudança não se concretizou. O festival nunca esclareceu, no entanto, os motivos de a funkeira não ter sido cotada para o evento anteriormente.

Em entrevista durante o carnaval de 2017, após rumores de que sua equipe teria oferecido seu show várias vezes e que ouviram negações por parte dos organizadores do festival, Anitta revelou que não se chateou com a situação. “Gente, eu não estou com raiva. O dono do evento contrata quem ele gosta. Ele não é obrigado a gostar de mim não. Se não gosta, não contrata”, afirmou a cantora.

Foi no Rock in Rio Lisboa 2018, aliás, a estreia de Anitta em solo europeu e os portugueses estavam preparadíssimos, sabendo boa parte das letras. A cantora carioca atraiu fãs que foram apenas para vê-la, ignorando a atração principal do Palco Mundo, o cantor havaiano Bruno Mars. Grupos de jovens vestiam camisetas customizadas com versos de músicas e a provocação que se tornou um de seus bordões: “Vocês pensaram que eu não ia rebolar minha bunda hoje?”.

“Vocês não sabem a dificuldade que é chegar até aqui. Nunca fui tão bem recebida num lugar em toda a minha vida. Quando comecei a cantar, ninguém acreditava que eu ia chegar lá. É um dia histórico para todos os funkeiros do Brasil, quero que todos se sintam representados. Eu prometi que ia fazer o funk ser conhecido em todos os lugares”, disse a cantora carioca durante o show, sem perder a oportunidade de deixar sua alfinetada.

Ao perceber o fenômeno, Roberto Medina parece ter mudado rapidamente de opinião. “Ivete era pouco conhecida aqui quando chegou e encantou. Anitta está num excelente momento, vai ser a próxima Ivete. Ela é um volante adiantado no Brasil. Está fazendo um investimento de marca. Era uma obrigação trazer, independentemente se a música está em linha com o ‘mood’ do Rock in Rio”, afirmou na época, negando que a tenha vetado na edição 2017.

“Eu nunca disse que não gosto de funk, não sei de onde veio aquilo. Não é meu estilo de música, mas interfiro muito pouco nas escolhas (dos artistas que vão cantar). Para um projeto mainstream, são muito poucos os que põem 100 mil pessoas (de frente para o Palco Mundo)”, explicou ainda.

A menina Larissa, de Honório Gurgel, subúrbio do Rio de Janeiro, jamais acreditaria se alguém dissesse que ela seria a fagulha necessária para diversas transformações na forma em que o Brasil e o mundo enxergam seu ritmo musical preferido: o funk.

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Espaço Favela

Toda a situação levou os organizadores do Rock in Rio a pensarem uma série de mudanças para a edição 2019 do festival. Uma delas foi a criação do Espaço Favela, área do festival que vai reunir 22 artistas de comunidades cariocas para “representar um recorte real de toda a capacidade cultural e criativa”. Nomes como as funkeiras Tati Quebra Barraco, MC Carol e o rapper BK estão na agenda, dentre diversos outros.

Apenas no Espaço Favela, ao todo, serão 30 apresentações de música e dança, além de outras manifestações culturais. Os gêneros presentes serão bem diversos: além de funk, rap, heavy metal, jazz, roda de samba e até orquestra. Na programação, ainda há batalha de slam – uma competição de poesias cada vez mais populares nas ruas de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro.

Na programação também há três apresentações diárias do grupo de teatro Nós do Morro. Outro destaque é a Orquestra Maré do Amanhã, que já se apresentou até no Vaticano a convite do papa Francisco, em 2017. De acordo com Zé Ricardo, diretor artístico do Espaço Favela e do palco Sunset, a seleção tem como objetivo revelar nomes que estão prontos para serem absorvidos pelo mercado.

“Analisei cerca de 600 artistas dos mais variados estilos para chegar a esses nomes. Vamos apresentar novos artistas e alguns já muito conhecidos oriundos de favela que tem essa ligação com o lugar que residem, que estão ganhando espaço e já tem seu público e redes sociais muito fortes”, disse ele em uma coletiva de imprensa.

Além das apresentações artísticas, o Rock in Rio ainda selecionou 20 microempreendedores, que já possuem seus pequenos negócios nas comunidades, para comandar três bares e uma loja no Espaço Favela. A escolha foi feita por meio de uma parceria com o Sebrae.

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*O texto não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cifras.

Sou jornalista, mas nas horas vagas gosto de fingir que sou influenciador digital. Me segue no insta! @meunomenaoedolfo

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