Foto: divulgação japinha cpm 22

Japinha é desligado do CPM 22 após conversas com fã de 16 anos vazarem na web

Japinha não é mais baterista do CPM 22. Depois de ser afastado pela banda no último mês de junho, o baterista foi desligado oficialmente na segunda-feira (17).

O motivo é o mesmo que causou o afastamento em junho: o vazamento de conversas do músico, datadas de 2012, com uma fã de 16 anos.

Por meio de um texto nas redes do CPM 22, o vocalista Fernando Badauí cita que a banda foi criada em 1995, após convite do ex-guitarrista Wally, e que isso se tornou “a razão de viver” dele. “A banda se tornou profissional, caímos na estrada, foi e está sendo a realização de um sonho, mas com isso, mesmo sendo algo sensacional, vem o desgaste, a convivência e as divergências. Isso é normal, desde que não ponha em risco o principal motivo de estarmos aqui, o CPM 22”, declarou, inicialmente.

Na sequência, Badauí comenta que “cada integrante que saiu da banda, saiu por alguma razão”. E anunciou a saída de Japinha.

“Depois de sermos surpreendidos com o teor das questões relacionadas ao nosso baterista Ricardo Japinha, tentamos entender realmente o que significava isso tudo e chegamos à conclusão que esse tipo de conduta NÃO condiz com o que acreditamos e com o que a banda defende. Dito isso, venho aqui comunicar que, após uma conversa franca, entre nós, olho no olho, o Japinha está sendo desligado do CPM 22”, afirmou.

O vocalista, então, diz que as decisões no CPM 22 “sempre foram e sempre serão tomadas para o melhor da banda, como instituição”. “Todos cometemos erros, mas alguns, infelizmente comprometem uma relação! Agradecemos de coração e o desejamos sorte! Quem quiser seguir com o CPM 22, vamos com tudo”, concluiu.

BOM DIA FÃS E AMIGOS!!!Por favor, leiam atentamente como se eu tivesse falando e olhando no olho de cada um de…

Posted by CPM 22 on Monday, August 17, 2020

Japinha também comentou sobre o assunto em uma postagem nas redes. O baterista disse estar “muito feliz” em receber mensagens de apoio após sua saída do CPM 22. “Lembrem-se: o Japinha está mais vivo do que nunca e quero muito continuar tendo todo esse carinho de todos”, afirmou.

O músico pediu para que os fãs “textos agressivos frente a qualquer dos membros da banda CPM 22”. “Embora tenhamos tido divergências, o meu amor pela banda será eterno, afinal são 21 anos de CPM 22 e a banda estará eternamente tatuada em minha alma”, disse.

Por fim, o baterista apontou que trabalhará em novos projetos na música e pediu para que os fãs sigam “se preservando, se cuidando e com saúde plena neste momento tão delicado na vida de todos nós, com esta pandemia seríssima”. “Deus sempre está no comando! Peço encarecidamente para que divulguem AMOR, EMPATIA, CARINHO, PAZ e que consigamos fazer com que a internet seja um instrumento para este fim”, declarou.

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Queridos(as) fãs, Estou muito feliz em receber tantas mensagens de apoio e carinho que estão me dando neste momento e lembrem-se: o JAPINHA está mais vivo do que nunca e quero muito continuar tendo todo esse carinho de todos. No entanto, quero pedir com todo amor que têm por mim e que a recíproca é toda verdadeira, pois sem vocês o JAPINHA não existiria, para que deixem de compartilhar textos agressivos frente a qualquer dos membros da banda CPM22, pois embora tenhamos tido divergências, o meu amor pela banda será eterno, afinal são 21 anos de CPM22 e a banda estará eternamente tatuada em minha alma! Seguirei em frente e conto única e exclusivamente com o APOIO E CARINHO INCONDICIONAL de todos vocês para novos projetos e quero muito poder abraçar cada qual de vocês em um futuro breve. No entanto, espero que todos estejam se preservando, se cuidando e com saúde plena neste momento tão delicado na vida de todos nós, com esta pandemia seríssima. Deus sempre está no comando!!! Peço encarecidamente para que divulguem AMOR, EMPATIA, CARINHO, PAZ e que consigamos fazer com que a internet seja um instrumento para este fim!!! Beijo carinhoso Ricardo Japinha

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Formado em 1995, o CPM 22 contava com Ricardo Japinha desde 1999, na vaga que era ocupada, anteriormente, por Santiago. O baterista gravou todos os álbuns de estúdio da banda. O substituto ainda não foi anunciado. A formação segue com Badauí no vocal e Luciano e Phil nas guitarras.

O baixista Fernando Sanches também saiu da banda no último mês de junho. O motivo não foi esclarecido. Em lives acústicas realizadas durante a pandemia, Badauí, Luciano e Phil estão se apresentando com Ali Zaher Jr no baixo, sem baterista ou percussionista.

As conversas de Japinha

Datadas de 2012, as conversas de Japinha foram divulgadas na página ‘Exposed Emo‘, em que mulheres denunciam, anonimamente, supostos assédios e abusos sexuais de bandas de rock do Brasil, especialmente as do chamado emocore. Na maioria das situações, são divulgados apenas relatos, mas no caso do baterista, os prints das conversas também foram revelados.

Em clima de paquera, Japinha conversa com uma fã que queria visitar o camarim do CPM 22 durante um show em uma cidade que não foi especificada. A admiradora diz ter 16 anos e, logo em seguida, o baterista pergunta se ela já havia namorado “por muito tempo” e se “já fez amor”. A adolescente confirma ser virgem e o músico diz que, em função disso, ele “apaixona”. “Dá vontade de roubar você pra mim, já que você não foi realmente de ninguém”, diz ele.

Veja os prints:

Fotos: reprodução / Twitter

Fotos: reprodução / Twitter

Fotos: reprodução / Twitter

Fotos: reprodução / Twitter

Fotos: reprodução / Twitter

A explicação de Japinha

Após a divulgação dos prints, inicialmente, Japinha publicou um comunicado nas redes – apagado algum tempo depois – em que declarava: “Quem me conhece, de verdade, sabe da mina índole e do meu caráter, e que jamais agiria com o intuito de machucar alguém, seja física ou psicologicamente. Abomino qualquer forma de desrespeito ou abuso contra quem quer que seja”. O músico se colocou à disposição para esclarecimentos.

Depois, em entrevista ao ‘G1’, ele confirmou a veracidade das capturas de tela. “Aquela conversa aconteceu. Não tenho medo de admitir. Logicamente se eu pudesse voltar no tempo e não ter mais aquela conversa, até pela dor de cabeça que ela gerou, eu não teria. Mas eu me arrependeria de ter tido essa conversa, e não de ter feito alguma coisa errada, porque eu não fiz”, disse.

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O músico comentou, ainda, que não fez nada de errado e só estava brincando. “Essa conversa específica realmente incomoda, incomoda até a mim. Eu fiz uma brincadeira naquele momento com a menina. Falei que eu tinha oitenta anos. Ninguém em sã consciência conseguiria acreditar. A menina fala que não adianta mentir, sabia que eu tinha 38. Aí eu dei risada”, afirmou.

Japinha conta que “estava rolando um clima meio de paquera” e que foi procurado pela fã, mas que recuou após ela ter dito que tinha 16 anos e que já namorava. “Perguntei se ela tinha namorado. Ela falou que sim. Aí eu recuei. Brinquei e falei que não, eu tinha ciúmes. E aí ela falou que tinha 16 também, aí que eu recuei mais. Eu não tenho essa mania. Eu não gosto. Na estrada, chegava ao ponto de eu pedir RG para as meninas para não ter que tomar nenhum susto nesse sentido. E o principal: eu nunca vi essa menina pessoalmente. Nunca falei com ela”, disse.

O músico declarou que “conversar não mata ninguém” e falou sobre a situação em que conversa sobre a virgindade da adolescente. “Eu não fiquei falando que queria… Tudo bem, teve um papo lá de virgindade. Eu até brinquei em relação a virgindade. Mas nunca querendo… sabe? Depois que ela falou que tinha namorado, eu já evito mulher com namorado. E já brinquei falando que tinha ciúme. Foi esse o sentido da conversa”, afirmou ele, que disse que não quer brigar, mas que pode processar por calúnia quem o chamar de “pedófilo” e “estuprador” ou divulgar informações falsas a respeito dele.

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Igor Miranda é jornalista que escreve sobre música desde 2007 e com experiência na área cultural/musical.

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