Uma jovem de 22 anos foi presa em Jussara, Paraná, sob a acusação de desviar aproximadamente R$ 179 mil do avô para apostas no Jogo do Tigrinho.
Entre setembro e outubro de 2023, a neta teria realizado 59 operações de saque e transferência para obter o montante destinado ao jogo. Durante o interrogatório, ela negou as acusações, alegando desconhecer a origem do dinheiro.
“Ela relatou que não sabia como esse dinheiro teria sido creditado na sua conta e gasto nesse jogo online”, afirmou o delegado Carlos Gabriel Stecca, da Polícia Civil do Paraná, em vídeo divulgado pela revista ‘IstoÉ’.
Apelidado de Jogo do Tigrinho, a plataforma é um caça-níquel online, que se baseia em formar uma combinação de figuras iguais e promete ganhos financeiros significativos aos jogadores.
Os jogos de azar são proibidos no Brasil, mas continuam a ser amplamente divulgado por influenciadores digitais na internet.
Eles exibem carros de luxo, mansões, uma vida cheia de dinheiro e afirmam ter conquistado tudo com o Jogo do Tigrinho.
Acontece que, na realidade, muitos brasileiros têm vivido um pesadelo ao se viciar na jogatina e colocar todo seu dinheiro esperando triplicá-lo, quando na realidade o que acontece é a perda do dinheiro “investido”.
A Polícia Civil de São Paulo atribui ao menos quatro suicídios recentes ao envolvimento com apostas online, incluindo o Jogo do Tigrinho.
De acordo com o delegado Eduardo Simões Miraldi, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), muitos jogadores perdem o controle financeiro e emocional devido a essas plataformas.
“Constatamos que esse tipo de jogo, além do prejuízo financeiro, que é enorme, também mexe com a questão psicológica. Há casos de pessoas que se mataram, são quatro em São Paulo, porque a pessoa apostou tudo o que tinha e perdeu”, afirmou Miraldi.
Existem até grupos de apoio, os Jogadores Anônimos, formado por pessoas viciadas em jogos de aposta online, para se ajudarem a superar este vício que tem tirado tudo deles.
Famílias destruídas pelo Jogo do Tigrinho
Casos de jogadores que contraem dívidas exorbitantes e perdem tudo são comuns. Um homem, por exemplo, vendeu sua casa por R$ 200 mil e gastou todo o dinheiro em apostas online.
Outro caso notório envolve Gabriely Sabino, uma enfermeira de 23 anos de Piracicaba, que desapareceu por oito dias após acumular uma dívida de R$ 25 mil no Jogo do Tigrinho.
Desde 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece o uso abusivo de jogos eletrônicos como uma doença, devido aos prejuízos físicos, psicológicos e sociais causados.
A maior dificuldade enfrentada pelas autoridades é o fato de as plataformas de jogos estarem sediadas fora do Brasil, dificultando a ação judicial.
As empresas operam de países como Malta, Estônia e Tunísia, com o auxílio de intermediários que facilitam as operações financeiras no Brasil.
Criminosos utilizam influenciadores digitais para promover jogos de azar online. Esses influencers incentivam seus seguidores a acessarem as plataformas de apostas, recebendo um percentual do valor gasto pelos jogadores.
“Isso significa: olha o que ganhei com o jogo. Mas no caso dos influenciadores, eles não fizeram apostas. O influencer ganha bastante com o dinheiro que seu seguidor perde apostando“, explicou o delegado Miraldi.
Um dos alvos recentes da polícia foi a influenciadora Larissa Rozendo Fonseca, de São José dos Campos (SP).
Ela é investigada por promover jogos de azar e aumentar seu patrimônio significativamente através dessa prática. Em 16 de junho, a polícia realizou uma busca em sua residência, avaliada em R$ 2 milhões.
O Jogo do Tigrinho é hospedado pela empresa PG Soft, sediada em Malta. A empresa declara que usuários menores de 18 anos não são permitidos e que contas irregulares são fechadas imediatamente.
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Fonte: Metrópoles
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