Cantores do gênero sertanejo como Matheus, dupla de Kauan, e Gusttavo Lima participaram de uma reunião para criar um novo aplicativo, chamado ‘Live Live Brasil’, que transmite lives em alta qualidade. A ideia é não depender de nenhuma outra ferramenta terceirizada, como o YouTube, que tem reforçado algumas restrições às recentes iniciativas dos artistas em exibir seus shows online pelo site.
A informação foi veiculada pelo jornalista Leo Dias, em sua coluna para o ‘Uol’. O cantor Matheus confirma que está liderando o investimento no aplicativo. “É algo totalmente bancado por mim neste primeiro momento. Um grande investimento que em 30 dias deve ser lançado. Convidei o Gusttavo Lima para a primeira transmissão. […] Já falei com Luan Santana, Bruno e Marrone e também Jorge e Mateus. A ideia é que os artistas também recebam cachê”, disse o sertanejo.
O app transmitirá shows em alta qualidade, independentemente da plataforma utilizada (celular, tablet ou computador), e terá ações solidárias para arrecadar fundos a quem precisa. Diferente do YouTube, o acesso ao ‘Live Live Brasil’ será cobrado – em média, será necessário desembolsar um valor médio de R$ 10 para assistir cada live.
Matheus destacou que não busca competir com o YouTube, mas que é bom ter uma “liberdade maior”, sem precisar cumprir as regras do Google. “Não queremos competir com ninguém, mas os artistas precisam se divertir e os fãs também. A partir do momento que você tem muitas regras a cumprir, como é o caso do Youtube, o artista não fica tão livre. É uma forma visionária de ver o mercado que está se abrindo. Quero que seja um aplicativo com vida longa”, disse.
O ‘Live Live Brasil’ já tem página criada nas redes sociais, anunciando o projeto. “O Live Live Brasil foi criado com o intuito principal de arrecadar fundos para ajudar milhares de pessoas que sobrevivem direta e indiretamente da música e também contribuir com entidades filantrópicas, hospitais e famílias mais necessitadas. Não é apenas uma plataforma com a missão de entreter as pessoas, mas de conectá-las!”, diz uma postagem.
Veja o post da página do ‘Live Live Brasil’:
Restrições do YouTube a sertanejos
Nos últimos dias, o YouTube reforçou aos cantores e gravadoras algumas regras que sempre existiram na plataforma, mas que passaram a ser fiscalizadas com rigor no momento atual, onde muitos artistas recorrem ao site para transmitir shows online. A principal restrição tem a ver com publicidade: as lives não podem ter certos tipos de propaganda, como intervalos comerciais e publicidade em trechos da tela, já que o próprio site paga aos artistas pelas visualizações obtidas.
Uma live realizada por César Menotti e Fabiano chegou a ser derrubada em função disso. Também ao jornalista Leo Dias, do ‘Uol’, o empresário da dupla, Pedro Mota, afirmou que o YouTube “quer ganhar sozinho” e que shows online desse porte demandam investimento entre R$ 80 mil e R$ 90 mil para serem realizados, já que são “esquema DVD”. A filmagem voltou ao ar depois que alterações foram feitas.
Apesar de Pedro Mota ter afirmado que houve imposição de regras, o YouTube ressalta que as normas sempre existiram e são apresentadas no termo de cadastro da plataforma. O departamento de comunicação do site alega que está apenas reforçando algo que sempre existiu, com fiscalização mais intensa.
Outro artista que se envolveu em um imbróglio com o YouTube foi Gusttavo Lima. As duas lives do cantor, por solicitação do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), tiveram restrições aplicadas após o consumo e publicidade de bebidas alcoólicas de forma considerada inadequada. O órgão abriu representação ética contra o artista e fez o YouTube exigir que cada internauta se identificasse e delcarasse ser maior de idade para conferir os vídeos.
Em uma publicação já apagada no Twitter, Gusttavo Lima chegou a dizer que não faria mais transmissões ao vivo. “Acho que o grande segredo da live é tirar o lençol do fantasma. Acho que uma live engessada e politicamente correta não tem graça. O bom das lives são as brincadeiras, a vontade, levar alegria alto astral para as pessoas que estão agoniadas nesse momento. Não farei live pra ser censurado”, afirmou.
O Conar declara que a representação ética foi aberta porque Gusttavo Lima não tomou as medidas necessárias para suas ações publicitárias (como avisar que são produtos para maiores de 18 anos e que devem ser consumidos com moderação) e estimulou “consumo irresponsável”, ao promover “repetida ingestão de cerveja”.
Em ambas as lives de Gusttavo Lima, o nome de uma cerveja patrocinadora apareceu com destaque na tela. Além disso, o sertanejo consumiu não só a bebida em questão como outras, incluindo destilados. Muitos internautas apontaram que, nas duas transmissões ao vivo, o artista ficou visivelmente alcoolizado.
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