Fotos: Reprodução belchior

Filha de Belchior desabafa sobre os anos em que o pai passou desaparecido

Vannick Belchior, uma das filhas do lendário cantor Belchior, completou 25 anos e acaba de lançar um EP com regravações de sucessos do pai – grande cantor e compositor nordestino que representa muito na música brasileira.

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Formada em Direito, ela divulga seu primeiro trabalho musical, intitulado ‘Das coisas que aprendi nos discos‘.

As canções escolhidas para fazerem parte da obra são: ‘Como nossos pais‘, ‘Sujeito de sorte‘, ‘Apenas um rapaz latino-americano‘, ‘Galos, noites e quintais‘, ‘Paralelas‘ e ‘De primeira grandeza‘.

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Em entrevista ao portal ‘Uol’, Vannick contou sobre a decisão de regravar as músicas do pai como uma forma de reparação afetiva.

Afinal, a família sofreu muito com o sumiço de Belchior em 2007. A filha, que conviveu com o pai só até os 10 anos de idade, encontrou na música uma forma de resgatar a presença dele.

Na conversa, Vannick contou que canta as canções de autoria do pai paracurar dores geradas no período em que ele ficou distante – inclusive da família, deixando até de pagar pensão alimentícia para as filhas.

“Passei por um período muito difícil, na adolescência, quando via meu pai nos jornais, via a reclusão dele e não sabia onde ele estava. Não escondo isso de ninguém, até porque essa reclusão atingiu toda a família, meus irmãos, minhas tias e minha avó. Eu sentia aquela ausência à flor da pele, de forma dolorida”, disse Vannick em entrevista ao portal ‘Uol’.

“Precisei passar por muito amadurecimento e uma das portas que me ajudou bastante foi a música. Por isso, eu exploro a obra do meu pai. O que um dia foi ausência, hoje é presença. O que me doeu, hoje me alegra e gera sorrisos”, declarou Vannick Belchior.

A filha de Belchior falou também que nunca se revoltou com o pai, mas que busca curar toda a dor que aquele período desencadeou.

“Nunca tive nenhum tipo de revolta em relação ao meu pai porque eu, com a minha pouca idade na época, não tinha direito de querer entender o porquê dele. Ele sabia os porquês dele. Isso tinha que ser respeitado e não julgado… Estar na música agora, intrinsecamente ligada a obra do meu pai, é uma das maiores formas de curar essas dores que em outrora estiveram comigo”, afirmou Vannick ao ‘Uol’.

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Foto: Reprodução/Instagram

Sobre o tempo em que conviveu com o pai, ela lembra de estar nos bastidores dos shows dele pelo nordeste do país, quando era ainda criança.

“Meu pai nunca morou em Fortaleza, sou a única filha cearense, mas ele sempre vinha para cá e tínhamos encontros. Eu ia muito para os shows, ficava no camarim. Eram encontros musicais e maravilhosos. Apesar de a vida ter me tirado previamente, eu vivi exatamente o que tinha de viver, presenciar e sentir para seguir o meu caminho hoje”, contou a filha de Belchior.

Vannick começou a cantar há pouco tempo. A primeira vez que ela se apresentou foi no show de Tarcísio Sardinha, parceiro musical de Belchior, que faleceu em abril. Ela foi convidada para fazer uma participação especial em 2021 e gostou.

“Logo quando comecei a cantar, foi uma surpresa para as pessoas descobrirem que o Belchior deixou uma filha. É uma surpresa enxergar as semelhanças. As pessoas sentem muita saudade do meu pai porque ele foi embora sem se despedir do público. Ele era e ainda é muito querido. Então, é muito gratificante quando as pessoas me descobrem porque elas transferem esse carinho e respeito para mim”, disse Vannick.

A respeito das músicas escolhidas para o primeiro EP, a jovem diz que teve bastante dificuldade em chegar às seis canções.

Não foi nada fácil escolher as músicas porque o meu pai tem um império, né? Mas escolhi músicas mais clássicas e mesclei com as que me identifico bastante… ‘Como nossos pais’, para mim, é a mais emblemática. Sinto como se ele tivesse escrito a minha história, sendo que eu ainda nem existia. Mesmo tendo feito tudo o que eu fiz, ainda estou seguindo o caminho dele“, afirmou a filha de Belchior.

Confira no vídeo abaixo Vannick Belchior cantando ‘De Primeira Grandeza’:

Belchior

Nascido em Sobral (Ceará), Antonio Carlos Belchior, ou simplesmente Belchior, compôs para grandes nomes como Elis Regina, se consolidou com Alucinação (1976) e lançou vários sucessos até ter uma espécie de sumiço em 2007, 10 anos antes de morrer.

Quando começou a se isolar, Belchior estava focado nos desenhos que tinha começado a fazer anos antes. Ele dizia sentir que suas composições já eram capazes de andar por conta própria“.

“Um dia eu vou morrer e minhas músicas vão continuar por aqui. Terei deixado as minhas gravações, e uma boa parte delas foi gravada de modo brilhante por outras pessoas”, afirmou ao jornal ‘Folha de S.Paulo’.

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O cantor que se tornou o representante do Nordeste na Música Popular Brasileira (MPB) foi do sucesso que chamou atenção de Bob Dylan ao sumiço que intrigou o Brasil.

Belchior foi um dos maiores nomes da música brasileira e faleceu em 2017 aos 70 anos de idade, vítima da ruptura de um aneurisma da aorta, a principal artéria do corpo humano.

Ele deixou legado para a cultura do Brasil com músicas às quais se dedicou durante toda sua carreira.

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