Décadas depois de sua morte, Raul Seixas não se destaca tanto na era da música via streaming, mas é cercado de histórias e considerado por muitos como o pai do rock.
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O que muitos talvez não lembrem é que antes de entrar para o “museu do rock nacional”, Raulzito passou por poucas e boas – de linchamento em cima do palco a perrengues causados pelo vício em álcool e drogas, que levaram à morte dele.
Embora ainda seja frequente ouvir alguém gritar “Toca Raul” nos bares, o sucesso musical de Raul Seixas nem sempre foi tão estável quanto a força desse bordão.
Encontrado morto na manhã de 21 de agosto de 1989, o cantor baiano famoso por ‘Metamorfose Ambulante‘ e ‘Eu Nasci Há 10 Mil Anos Atrás’ vivia uma década negativa após chegar ao auge da carreira nos anos 1970.
Altos e baixos de Raul Seixas
Sem gravadora desde 1980, Raul Seixas estava em uma fase de crise e sem perspectivas de um novo contrato. Para completar a fase negativa, o ‘Maluco Beleza’ subiu ao palco bêbado para se apresentar em Caieiras (São Paulo) e quase foi linchado pelo público em 1981. O motivo: os fãs acreditavam estarem diante de um impostor.
“Quando começou o show, eu vi aquele burburinho, o povo começar a ficar agitado”, relatou Raul, em entrevista à TV Globo, na época. “Começaram a me jogar garrafas e lata de cerveja, e eu comecei a ficar nervoso. Eu acho que houve um boato de que não era eu que estava cantando”.
Na delegacia, a situação não ficou mais agradável. “O delegado chegou logo me batendo. Olhou para a minha cara e falou ‘não é ele, não’. Puxou minha barba para ver se era verdadeira, tirou os meus óculos e começou a me bater”, completou ele, que mostrou os hematomas da agressão policial.
Ângela Seixas, a mulher dele na época, acrescentou que Raul estava sem os documentos e ficou preso por cerca de duas horas. “Ele chegou em casa às 6h30 da manhã, muito chateado e abalado”, contou ela.
Veja a reportagem da época sobre o caso:
De volta aos palcos para um último ato
Daí em diante, Raul Seixas alternou períodos de contratos curtos com gravadoras, lançamento de álbum e mais problemas com álcool, drogas e depressão, chegando a ficar internado para reabilitação.
Já debilitado, Raulzito inicia uma turnê com Marcelo Nova, da banda Camisa de Vênus, em 1989. Ao todo, os dois fizeram 50 shows pelo Brasil, mas Raul participava somente de metade de cada apresentação.
A turnê resulta no disco ‘A Panela do Diabo’, que acabou lançado um dia após a morte do cantor e rendeu um disco de ouro póstumo pelas 150 mil cópias vendidas.
A morte de Raul Seixas
Os vícios em álcool e drogas foram determinantes para a morte de Raul Seixas. Diabético, ele faleceu aos 44 anos devido a uma parada cardíaca agravada pelo fato de não ter tomado insulina no dia anterior, o que causou uma pancreatite aguda fulminante – provocava pelo excesso de bebida alcoólica.
Raul não dava muita atenção às doses diárias de insulina que deveria tomar. Isso quem afirmou foi a empregada dele Dalva Borges, que o encontrou morto na cama na manhã daquele dia 21 de agosto de 1989.
“Nós importamos um aparelho, porque eu nunca trabalhei com essas coisas, e ele falava pra mim ‘é horrível todo dia ter que tomar injeção’, então […] eu mesma aplicava a insulina nele, todo dia”, relembrou a empregada em entrevista ao ‘Programa Barlada’, do canal Rede NGT.
Na mesma conversa, Dalva relembrou como foi encontrar morto o grande nome do rock brasileiro. “Fui até ele e coloquei a mão, mas ele não acordou. Também não me desesperei, fui pra mesa, sentei e pensei o que que eu iria fazer. Pra quem que eu iria ligar? Nisso eu fiquei ali uns 30 minutos sem saber o que fazer”, recordou a doméstica.
Ainda atônita, Dalva recorda que ligou para o parceiro musical e amigo Zé Roberto e Marcelo Nova, que chegou em seguida e deu sequência aos trâmites sobre a morte.
“Acho que demorou umas duas horas para eu cair na realidade que o Raul teria morrido. Ele ainda estava um pouco quente, mas não estava respirando. Se tivesse, eu teria feito respiração boca a boca, teria feito qualquer coisa. Qualquer um que tivesse no meu lugar [faria]… Era Raul Seixas”.
Assista à entrevista:
Idolatria
Trinta anos após sua morte, Raul Seixas fica atrás de Cazuza, Renato Russo, da Legião Urbana, e Chorão, do Charlie Brown Jr., quando o assunto é número de ouvintes mensais, segundo dados da plataforma de streaming Spotify. Porém, isso não muda o fato de que seu nome é considerado uma lenda do rock nacional.
Além de estar na boca do povo com aquele bordão citado lá de cima, Raul Seixas dá provas de que vive em sua música, que até hoje é passada de pais para filhos.
Outro ponto que reforça que ele ainda é um grande ídolo brasileiro está no fato de que não foi esquecido e continua tendo sua história contada. Somente neste ano, duas biografias sobre o cantor foram lançadas: ‘Raul Seixas – Por trás das canções’, de Carlos Minuano, e ‘Raul Seixas – Não diga que a canção está perdida‘, de Jotabê Medeiros, resgatam a jornada de Raulzito.
Com uma trajetória de rebeldia e originalidade, além de mais de 30 discos (sendo 15 álbuns de estúdios e várias compilações), talvez Raul não precise do streaming para manter a idolatria ao redor dele.
Na sua última entrevista, concedida a Jô Soares, no ‘Jô Onze e Meia’, Raul brincou que, para ele, o rock and roll havia morrido em 1959, mas se depender de seus fãs, o raulseixismo (como ele mesmo definiu) continuará vivo.
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