Luiz Schiavon – que marcou história como fundador e tecladista da banda RPM – faleceu nesta quinta-feira (15) em São Paulo, aos 64 anos.
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A música brasileira sofre com a grande perda do artista paulistano Luiz Schiavon. A notícia foi confirmada pela família do músico em uma nota oficial compartilhada nas redes sociais.
Schiavon, conhecido pela sua maestria no piano, foi um grande influenciador no cenário do pop rock brasileiro, e sua ausência será fortemente sentida. O músico estava sob cuidados médicos em um hospital localizado em Osasco, região metropolitana de São Paulo.
Na nota compartilhada pela esposa de Schiavon, foi informado que o artista vinha enfrentando uma enfermidade autoimune há alguns anos. Recentemente, ele passou por uma cirurgia para tratar a condição, mas, infelizmente, teve complicações após o procedimento.
A declaração da família relata: “É com pesar que comunicamos o falecimento de Luiz Schiavon. Ele vinha lutando bravamente contra uma doença autoimune há 4 anos, mas, infelizmente, teve complicações na última cirurgia de tratamento e não resistiu.”
As cerimônias de velório e enterro serão feitas em privacidade, com a presença apenas de familiares e amigos próximos. A família pede respeito e compreensão neste momento difícil, tanto aos fãs quanto à imprensa.
A nota finaliza: “Luiz era, na sua figura pública, maestro, compositor, fundador e tecladista do RPM, mas acima de tudo isso, um bom filho, sobrinho, marido, pai e amigo… Esperamos que lembrem-se dele com a maestria e a energia da sua música, um legado que ele nos deixou de presente e que continuará vivo em nossos corações”.
Vida e carreira de Luiz Schiavon
Nascido em São Paulo, Luiz Antônio Schiavon Pereira deu seus primeiros passos musicais formando-se no Conservatório Mário de Andrade em 1977.
Apesar de ter iniciado a faculdade de arquitetura quando era mais jovem, Luiz Schiavon não resistiu à paixão pela música. Ao se aventurar em covers de bandas de rock, percebeu que a carreira musical era o caminho a seguir.
Sua história na música ganhou forma quando, aos 16 anos, conheceu o cantor Paulo Ricardo. Juntos, fundaram a banda Aura, que mais tarde viria a se tornar o RPM – um dos grupos de rock mais influentes do Brasil.
Além de sua trajetória com o RPM, Schiavon marcou sua presença na TV Globo comandando a banda do programa ‘Domingão do Faustão‘ entre 2004 e 2010. Ele também deu vida às trilhas sonoras de algumas novelas globais famosas, como ‘Terra Nostra’, ‘Esperança’ e ‘O Rei do Gado’.
Sobre a história do RPM, a banda surgiu na década de 1980 em São Paulo. Foi fundada por Schiavon em conjunto com o vocalista Paulo Ricardo, o guitarrista Fernando Deluqui e o baterista Paulo Antônio, carinhosamente conhecido como P.A., que infelizmente nos deixou em 2019.
A banda RPM lançou seu álbum de estreia, intitulado ‘Revoluções por Minuto‘, em 1985, e foi um sucesso estrondoso. O disco vendeu mais de 900 mil cópias naquele ano e revelou hits como ‘Olhar 43’ e ‘Rádio Pirata’.
Apesar do sucesso, a banda enfrentou seu primeiro período de turbulências em 1987, levando a um hiato de alguns meses. Voltou em fevereiro do ano seguinte com o disco ‘Quatro Coiotes’. Desde então, a banda passou por várias pausas, sendo a mais longa de 2003 a 2011, até seu retorno definitivo em 2011.
Atualmente, a banda segue firme e forte, mesmo sem Paulo Ricardo, que decidiu seguir carreira solo. O mais recente lançamento do RPM, ‘Sem Parar’, chegou ao público em março deste ano.
A formação atual do RPM conta, além de Schiavon, com o guitarrista e fundador Deluqui, o baterista Kiko Zara e o vocalista Dioy Pallone.
Veja abaixo a imagem em homenagem a Luiz Schiavon que o perfil do RPM publicou na web:
RPM viveu embates entre Paulo Ricardo e Luiz Schiavon
A história do RPM, banda icônica do rock brasileiro, é marcada por muitas idas e vindas. Entretanto, a relação entre seus membros fundadores, Luiz Schiavon e Paulo Ricardo, enfrentou momentos turbulentos nos últimos anos, culminando em um embate judicial.
Luiz Schiavon, que faleceu nesta quinta-feira (15) aos 64 anos, e Paulo Ricardo, ambos fundadores do RPM, cortaram laços de uma parceria outrora bem-sucedida quando os outros membros da banda – Fernando Deluqui e Paulo Pugni (falecido em 2019) – acusaram Ricardo de deslealdade e má-fé por registrar a marca da banda exclusivamente em seu nome.
As coisas esquentaram em 2021, quando a 20ª Vara Cível de São Paulo proibiu Paulo Ricardo de utilizar a marca RPM para fins comerciais e até de interpretar seus maiores sucessos, como ‘Olhar 43’ e ‘Rádio Pirata’. A ação impôs também ao cantor uma multa de R$ 112 mil, da qual ele recorreu.
Paulo Ricardo se defendeu na época, afirmando que tinha tentado incluir os outros membros no registro da banda, mas eles preferiam “abrir uma empresa com Paulo Ricardo ao invés de aceitarem a cotitularidade como já haviam acordado em 2007”.
A primeira dissolução do RPM ocorreu no final da década de 1980, quando os integrantes começaram a divergir sobre o rumo que a banda deveria tomar e o estilo das novas músicas. Paulo Ricardo recorda dessa época:
“O que aconteceu foi que cada um de nós se sentiu muito seguro. Nosso ex-baterista P. A. resolveu cantar. Luiz Schiavon queria levar para um lado techno, com uma música menos natural e rock. Eu e Nando queríamos guitarras, e o Schiavon queria algo mais frio. Aí aconteceu um racha“.
Em 2017, os quatro membros se reuniram novamente para mais um retorno, mas Paulo Ricardo anunciou que não faria mais shows com seus ex-colegas de banda, contrariando um acordo prévio.
Logo após o último show da banda, que aconteceu num navio, o RPM foi relançado com um novo vocalista, Dioy Pallone. Em uma entrevista concedida ao jornal ‘O Globo’ quatro anos atrás, Paulo Ricardo expressou seu descontentamento com a continuidade da banda sem os membros originais:
“Eu não chamaria o RPM de RPM. Eles não podem usar esse nome, mas enquanto não há uma decisão judicial final, estão usando. Quando vai ver um show dos (Rolling) Stones, você espera ver o (Mick) Jagger. Você não tem um Dire Straits sem o Mark Knopfler. Se você fizer um show dizendo que é o Police e não tiver o Sting, vão quebrar tudo. Um RPM sem mim é como um Secos & Molhados sem o Ney Matogrosso“, disse.
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