Foto: Reprodução/O Dia mãe e filha - moravam no McDonald's

Mulheres que moram no McDonald’s Leblon se ofendem com tentativas de ajuda: ‘fofoqueiros’

Em um cenário peculiar no coração do Leblon, um dos bairros mais valorizados do Rio de Janeiro, duas gaúchas encontraram uma solução temporária pra lá de inacreditável para sua situação de moradia: passar os dias em um McDonald’s.

Susane Paula Muratoni Geremia, de 64 anos, e sua filha, Bruna Muratori Geremia, de 31, adaptaram-se a uma rotina incomum.

Elas vivem parcialmente dentro de uma unidade do McDonald’s, localizada entre as ruas Carlos Góis e Ataulfo de Paiva, e passam as noites na calçada quando o estabelecimento está fechado (entre 5h e 10h da manhã).

As duas, que são mãe e filha, carregam consigo cinco malas grandes e de boa qualidade, onde guardam suas roupas e pertences. Elas possuem aparelho celular e pagam por tudo que consomem.

Durante o dia, elas se instalam em uma mesa próxima à entrada do estabelecimento, consumindo alimentos comprados lá e mantendo-se sempre com roupas limpas e bem apresentadas.

Esse lar provisório chamou a atenção de moradores e comerciantes locais, além de ser destacado em relatos da Rádio ‘CBN’ e confirmado pelo jornal ‘O Dia’.

Segundo Bruna, a permanência delas no local é mais curta do que se comenta na vizinhança (afirma-se que elas estão lá desde o Carnaval).

A situação é que eu não devo satisfação. Não estou aqui desde o Carnaval. Eu trabalhei depois do Carnaval. Eu conseguiria esclarecer o que está acontecendo, mas não quero”, ela defende, ameaçando tomar medidas legais contra quem persistir em investigar sua vida.

“Quem continuar com essas histórias, que são incabíveis, quem continuar investigando vida alheia, vai ter processo criminal e danos na área cível“, afirmou, garantindo que está nessa situação há apenas um mês.

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Por outro lado, Susane revelou em entrevista que está em busca de um novo lar na mesma região.

“Estou visitando apartamentos aqui no Leblon e escolhendo a nova moradia“, disse ela, expressando sua preferência em não gastar o dinheiro até que encontre um lugar adequado para viver.

A trajetória de inadimplência de Susane e Bruna remonta a anos anteriores, com registros de dívidas e despejos tanto no Rio Grande do Sul quanto no Rio de Janeiro.

Em 2017, por exemplo, elas foram condenadas pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul devido a um calote que somou quase R$ 10 mil. Mais recentemente, no Rio, elas enfrentaram processos judiciais por dívidas que ultrapassam R$ 13 mil.

A presença contínua das duas no McDonald’s e na calçada não configura crime, o que coloca a polícia em uma posição delicada.

Um policial militar que conversou com Susane comentou sobre a situação: “Como não existe crime, não tem o que fazer como agente da lei. Nosso trabalho é tranquilizar as coisas e não deixar a situação generalizar. Eu, como ser humano, estou orando por elas. O que me preocupa é o bem-estar delas“.

Bruna também disse à ‘CBN’ que as duas procuram um aluguel para seu orçamento apertado – no valor de R$ 1.200,00, completamente incompatível com a realidade do Leblon.

Mãe e filha que moram no McDonald’s abrem o jogo

Em uma entrevista ao ‘O Dia’, Bruna desmentiu que elas estivessem no local há tanto tempo quanto mencionado por moradores. Ela esclareceu, expressando frustração com a curiosidade alheia, que atribui a preconceitos e inveja.

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“Eu acho que o que gerou curiosidade foi a inveja. Se fosse uma pessoa de pele morena, se fosse uma pessoa de pouca roupa, com pouca mala, não teria despertado curiosidade. Se eu não fosse loira e atraente não teria despertado curiosidade”, afirmou Bruna, destacando o impacto de sua aparência na atenção que recebe.

A região do Leblon parece ser um fator amplificador da situação. “O Leblon é um bairro de fofoqueiro“, comentou Bruna, comparando a dinâmica local com outros bairros como Copacabana, onde a diversidade é mais aceita e menos comentada – de acordo com ela.

“Em Copacabana tem diversos turistas, as pessoas sentam na rua, de vários níveis sociais, indiferentemente se a pessoa mora em uma comunidade ou num apartamento, e não acontece isso”, disse.

As duas enfrentam acusações e processos por inadimplência. Apesar desses desafios, Bruna afirma que muitos desses casos foram resolvidos, embora a opinião pública continue a julgá-las severamente.

“Eu fiz um acordo com o proprietário. As pessoas não me conhecem. Eu acho que as pessoas têm que parar de ficar fuçando. Quando mais ficam fuçando, terá processo contra elas. Se as pessoas ainda estão indagando se aconteceu alguma coisa, é um monte de gente burra. É óbvio que aconteceu alguma coisa”, relatou.

“As pessoas criaram um problema para mim e para minha mãe. Estávamos resolvendo uma situação. Estamos procurando um lugar para ficar. É comum essa situação. Não tem apartamento. Ou colocam o preço lá em cima por causa do turismo, está difícil demais. As pessoas querem lucrar”.

A visibilidade do caso também reflete diferenças culturais mais amplas, com Bruna mencionando que em lugares como Europa e Estados Unidos, sua situação seria vista como mais comum ou aceitável.

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“Achei surreal essa história toda. Não permito invasão na minha vida, de ninguém. Sou furiosa com essas coisas”, disse ela, destacando a intrusão que sente em sua vida privada.

A mãe, Susane, expressou um amor incondicional por sua filha, sublinhando que a companhia de Bruna é mais importante do que qualquer circunstância material.

A minha filha é a pessoa mais importante da minha vida. Se eu estiver numa mansão, estou com ela. E se estiver no meio da rua, fico feliz da vida, porque também estou com ela. Se os outros acham anormal, problema deles. Eles não têm família com pensamento moderno. Eu acho as pessoas desse Leblon atrasadas”, compartilhou Susane.

“Eu sempre quis ter a Bruna, mesmo antes de viajar por causa do surfe. Sempre planejei que, no dia que tivesse oportunidade, eu ia engravidar. As minhas escolhas, eu e meu marido, somos tão cabeças abertas”, comentou.

As duas continuam em busca de um novo lar no Leblon, esperando que a visibilidade recente não atrapalhe seus planos futuros. Enquanto isso, o apoio financeiro do pai de Bruna, que supostamente vive no exterior, tem sido essencial para elas manterem sua estadia temporária em terras cariocas.

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Sou jornalista, mas nas horas vagas gosto de fingir que sou influenciador digital. Me segue no insta! @meunomenaoedolfo