Alex Ronaldo, cantor sertanejo cujo nome verdadeiro é Ronaldo Torres de Souza, foi preso no dia 5 de dezembro em Passo Fundo (RS) como parte da operação “Desafino”, conduzida pelo Ministério Público de Goiás (MPGO).
Ele se tornou o primeiro brasileiro detido por fraudes em plataformas de streaming musical, após confessar o envolvimento em um esquema que prejudicava compositores e artistas.
Segundo as investigações, Ronaldo utilizava documentos falsos para registrar músicas de outros compositores como se fossem de sua autoria.
Essas faixas eram então carregadas em plataformas como o Spotify, e o lucro das execuções era transferido diretamente para contas bancárias controladas por ele, via PIX.
“Falamos com compositores que estavam deixando de mandar músicas para cantores. Duplas novas deixavam de ter acesso às obras”, afirmou o promotor Fabrício Lamas, do CyberGaeco, destacando o impacto do esquema.
O Ministério Público informou que a operação já resultou na apreensão de bens avaliados em cerca de R$ 2,3 milhões, incluindo carros de luxo e criptomoedas.

Fotos: Reprodução/Redes Sociais
Fazenda de streams no Spotify
Durante as buscas realizadas em um condomínio de luxo em Recife, as autoridades descobriram 21 laptops configurados para operar uma “fazenda de streams”.
O sistema era capaz de simular até 2.500 ouvintes simultâneos, inflando artificialmente os números de reproduções.
Nos dispositivos de Ronaldo, foram encontradas 3.900 faixas armazenadas em uma pasta nomeada como “CDs Spotify”, incluindo músicas criadas com o auxílio de inteligência artificial.
O Ministério Público calcula que o esquema tenha causado um prejuízo de R$ 6,6 milhões aos verdadeiros autores das músicas.
Foram identificados 209 perfis falsos, sendo que 36 estavam registrados em uma agregadora brasileira, a WMD, que colaborou com as investigações.
A empresa também localizou outros 32 perfis vinculados ao Pix de Ronaldo, indicando que a rede era ainda maior.
Em depoimento, 11 compositores confirmaram o roubo de 25 músicas, as quais renderam cerca de R$ 14 mil ao cantor.
Entre os artistas afetados pelo golpe está Murilo Huff, que possui mais de 11 milhões de ouvintes mensais no Spotify. Outros nomes ainda não foram divulgados oficialmente, mas o impacto no meio artístico é amplo.

Foto: Reprodução/Redes Sociais
Alex Ronaldo admitiu o crime e confessou ter criado identidades fictícias e capas de álbuns para lançar as músicas roubadas. Ele também declarou que não lembra quantos perfis falsos chegou a criar.
Seu advogado, José Paulo Schneider, informou que o cantor “prestou todos os esclarecimentos ao MP” e está colaborando com as investigações.
Caso seja condenado, Ronaldo poderá enfrentar até 10 anos de prisão por crimes como estelionato, falsa identidade e violação de direitos autorais.
A operação “Desafino” marcou o primeiro caso documentado no Brasil envolvendo uma “fazenda de streams” e expôs as falhas no sistema de distribuição de música em plataformas digitais.
“Esse é um alerta para toda a indústria musical”, concluiu o promotor Fabrício Lamas.
Enquanto o caso avança na Justiça, as autoridades continuam investigando o alcance total da fraude e suas ramificações no mercado musical.
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Fonte: Hugo Gloss
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