Foto: Igor Miranda Backstreet Boys Uberlândia 052

Backstreet Boys abre turnê no Brasil com show detalhista e aclamado em Uberlândia

Resenha de show: Backstreet Boys em Uberlândia (MG) – 11 de março de 2020

O show dos Backstreet Boys em Uberlândia (MG), realizado na Arena Sabiazinho, marcou mais uma nova etapa do entretenimento local. A cidade não foi só uma das três únicas a receber uma apresentação da ‘DNA World Tour’ no Brasil, junto de São Paulo e Rio de Janeiro, como foi a primeira, antecipando o que as duas capitais ainda irão conferir nos dias 13 (Rio) e 15 (SP) deste mês.

É difícil explicar o que foi o fenômeno de popularidade dos Backstreet Boys entre o fim da década de 1990 e início dos anos 2000. Alguns números, porém, podem resumir o impacto: 100 milhões de álbuns vendidos, um raro disco de diamante para ‘Millennium’ nos Estados Unidos (chegou a 13 milhões no país), uma série de músicas no topo das paradas de todo o mundo e uma marca que só o Led Zeppelin conseguiu nos EUA: emplacar seus 10 primeiros álbuns, em sequência, no top 10 dos charts americanos.

Foto: Igor Miranda

Ciente de toda a relevância por trás da boyband de maior sucesso da história, fica fácil entender por que o show, praticamente lotado (apenas com poucos ingressos de pista disponíveis), já começou com clima de “jogo ganho”. Os fãs estão um pouco mais velhos, já em idade adulta, mas seguem apaixonados e até histéricos diante de AJ McLean, Howie Dorough, Nick Carter, Kevin Richardson, Brian Littrell.

Um vídeo de alguns minutos, que relembra todos os álbuns lançados pelos Backstreet Boys em seus 27 anos de carreira, é exibido antes da introdução do show, com um trecho da música ‘Everyone’, seguido de ‘I Wanna Be With You’. Os gritos ao longo desse período inicial eram, de fato, ensurdecedores, especialmente quando Nick ou Kevin estavam em destaque.

Para quem ainda não tinha dimensão do tamanho dos Backstreet Boys e preferiu pensar que os gritos eram exagerados, os próximos momentos mostraram por que eles são idolatrados. A sequência com ‘The Call’ e ‘Don’t Want You Back’ destacou os predicados artísticos do conjunto, que não só canta (quase) tudo ao vivo, como, também, alia o gogó aos passos de dança que, embora não tão ousados, são bem ensaiados. Tudo isso em meio a uma estética bem interessante, trabalhada nas cores vermelha e preta, tanto em figurino quanto iluminação e telão – os dois últimos itens, importantíssimos para manter o show interessante.

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‘Nobody Else’, primeira música do novo álbum ‘DNA’ no repertório, é cantada por Brian, sozinho, em uma versão curtinha. O formato se repete um pouco depois, com ‘Chateau’, por Howie D. Uma forma interessante de apresentar mais músicas do disco mais atual do quinteto para os fãs que estão ávidos pelos hits.

Após ‘Chateau’, acontece a primeira troca de figurino. O grupo, então, começa a mergulhar em músicas mais populares, como ‘Incomplete’ e ‘More Than That’. Em dado momento, Nick Carter conversa com o público, assim como Brian Litrell e Howie D haviam feito antes. É curioso notar que cada um deles possui momentos individuais de interação com o público. Além disso, fazem questão de percorrer todo o palco, para saudar os fãs em diversas ocasiões.

O público, aliás, é protagonista do show. Não só pelos gritos a plenos pulmões a cada refrão, como, também, pelo próprio formato da turnê, que traz um formato em que fãs podem ficar entre os dois palcos, bem próximos dos cantores, na área chamada ‘DNA Pit’. Custa caro fazer parte disso, então, toda atenção é dada a esses admiradores.

‘The Way It Was’, outra faixa do novo álbum, é apresentada em formato mais curto antes de outros hits: ‘Chances’, ‘Shape of My Heart’ e ‘Drowning’. Em seguida, o momento mais extenso (e divertido) de interação dos cantores com o público traz AJ e Kevin conversando com os fãs, trocando de roupa em cima do palco (dentro de uma caixa, é claro), atirando cuecas e aprendendo a falar “bunda” em português – antes, disseram que se dizia “bumbum”, mas a plateia tratou de mostrar a expressão real, do dia a dia.

Foto: Igor Miranda

Mais hits, como ‘Quit Playing Games (With My Heart)’ e ‘As Long As You Love Me’, dividem espaço com momentos diferentes, como a nova ‘No Place’, com clipe exibido no telão trazendo todos os integrantes com suas famílias, e ‘Breathe’, cantada a capella para evidenciar os talentos vocais dos cinco envolvidos. ‘I’ll Never Break Your Heart’, um pouco depois, é outra canção que destaca a performance do quinteto diante do microfone em um R&B de bom gosto, que poderia marcar outros momentos do repertório.

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Os momentos finais do show, já em um figurino branco ao estilo ‘Millennium’, são os mais aguardados, por reunir alguns dos principais hits: ‘Everybody (Backstreet’s Back)’ (em uma versão repaginada que não supera a original, mas diverte), ‘We’ve Got It Goin’ On’, ‘The One’ e ‘I Want It That Way’, sempre cantadas a plenos pulmões pelo público. Sim, os fãs cantaram praticamente todas as músicas, mas deu para sentir que os maiores sucessos foram recebidos com entusiasmo diferente.

Os Backstreet Boys deixaram o palco da Arena Sabiazinho após isso, mas apenas por alguns minutos: um vídeo anunciou ‘Don’t Go Breaking My Heart’, o principal single do novo álbum ‘DNA’, trazendo ‘Larger Than Life’, na seguida, para fechar a conta com saldo bastante positivo. Quase duas horas de show sem deixar a peteca cair em nenhum momento. Poucos nomes da música pop conseguem um feito desses.

Como os Backstreet Boys podem se dar ao luxo de tocar apenas para seus fãs mais inveterados, que compreendem o contexto de todos aqueles hits, não há uma pessoa sequer que vai reclamar do show, seja em Uberlândia ou em outra cidade – as performances são iguais, milimetricamente calculadas, sem qualquer deslize, esbanjando profissionalismo. Quem gosta de música pop, inclusive, tende a admirar um pouco mais esse tipo de performance, que, de tão perfeita, parece trazer um DVD diante dos olhos e ouvidos.

Foto: Igor Miranda

Por isso, o único ponto negativo que tenho a destacar não deve ser de acordo geral entre os fãs: senti falta de de uma banda para acompanhar a parte instrumental. Entendo que a ideia de trazer as melodias e batidas pré-gravadas tem o intuito de fazer o show ficar menos suscetível a falhas, com tantos números de dança e situações de sincronia com telão e iluminação. Todavia, quem gosta de ouvir sons graves sendo explorados por baixo e bateria, improvisos que guitarras e teclados podem oferecer no calor do momento ou mesmo um “respiro” que instrumentos podem oferecer aos cantores pode acabar se decepcionando um pouco.

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Sim, apenas um pouquinho, porque não há nada no show dos Backstreet Boys que possa decepcionar. A performance é extremamente bem ensaiada, os cinco cantores seguem muito bons mesmo já na casa dos 40 anos – Brian Litrell, vale ressaltar, é uma força da natureza – e o carisma é um incrível diferencial que mantém esses fãs conectados com um grupo que, lá no início, muitos diziam que teria um sucesso efêmero.

Foto: Igor Miranda

Em termos de organização, não há do que reclamar. Só ficou uma ponta de curiosidade: será que esse show caberia no estádio Parque do Sabiá? Seja pelo formato ou pela grande procura por ingressos, talvez, seria ainda mais interessante assistir a essa apresentação em um local aberto.

Talvez, em sua próxima passagem por Uberlândia – sim, embora possa soar como um discurso demagogo, eles prometeram voltar após um primeiro show tão empolgante na cidade -, os Backstreet Boys possam tocar para ainda mais pessoas, em um espaço maior. O primeiro passo foi dado. O quinteto americano fez história no Triângulo Mineiro e deve abrir alas para outras apresentações marcantes na cidade.

Repertório – Backstreet Boys em Uberlândia (MG) – 11/03/2020

Foto: Igor Miranda

1. Everyone
2. I Wanna Be With You
3. The Call
4. Don’t Want You Back
5. Nobody Else
6. New Love
7. Get Down
8. Chateau
9. Show Me the Meaning of Being Lonely
10. Incomplete
11. Undone
12. More Than That
13. The Way It Was
14. Chances
15. Shape of My Heart
16. Drowning
17. Passionate
18. Quit Playing Games (With My Heart)
19. As Long As You Love Me
20. No Place
21. Breathe
22. Don’t Wanna Lose You Now
23. I’ll Never Break Your Heart
24. All I Have to Give
25. Everybody (Backstreet’s Back)
26. We’ve Got It Goin’ On
27. It’s Gotta Be You
28. That’s the Way I Like It
29. Get Another Boyfriend
30. The One
31. I Want It That Way

Bis:

32. Don’t Go Breaking My Heart
33. Larger Than Life

*O texto não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cifras.

Igor Miranda é jornalista que escreve sobre música desde 2007 e com experiência na área cultural/musical.

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