Foto: Divulgação paulinho da costa

Paulinho da Costa, o brasileiro que tocou com Michael Jackson e Madonna

Nascido em Irajá (RJ), Paulo Roberto da Costa, mais conhecido como Paulinho da Costa, tocava pandeiro desde garoto e queria seguir a carreira de percussionista. O que ele não sabia é que se tornaria músico de sucesso internacional e tocaria com Michael Jackson e Madonna.

A trajetória que o levaria do Rio de Janeiro para Los Angeles, nos Estados Unidos, envolveu muito estudo e dedicação à música, mas tem um marco inicial importante em uma noite de 1972. Naquela ocasião, Paulinho da Costa tocava na boate Number One, em Ipanema, quando chamou atenção de outro músico: Sérgio Mendes.

Veja também:
Apesar de queda, Michael Jackson ainda é o artista morto que mais lucra

Na época, o artista de Niterói tinha alcançado sucesso internacional e liderava o grupo Sérgio Mendes & Brasil 66, que foi responsável por lançar a versão em bossa nova de ‘Mas Que Nada’, gravada originalmente por Jorge Ben Jor.

Paulinho da Costa foi convidado por Sergio Mendes para integrar o grupo e aceitou a proposta. De malas feitas e esposa ao lado, o músico seguiu rumo aos Estados Unidos, onde começaria a carreira que rendeu gravações com cerca de 963 artistas.

O brasileiro colaborou com nomes do porte de Whitney Houston, Ella Fitzgerald, Eric Clapton, Elton John, B.B King, Eagles, Celine Dion, João Gilberto, Rita Lee, Miles Davis, Barbra Streisand, Bob Dylan, Tracy Chapman, Talking Heads e mais. A lista é longa e pode ser conferida aqui.

Parceria com Michael Jackson

Foto: Divulgação

A parceria com o Rei do Pop começou no álbum ‘Off the Tall’ (1979), passou pelo icônico ‘Thriller’ (1982), seguiu firme em ‘Bad’ (1987) e se estendeu até o fim da carreira de Michael Jackson, que morreu em junho de 2009.

Paulinho da Costa levou a “pimentinha latina”, como ele costuma dizer, para as gravações que fez fora do país verde e amarelo – e incluiu até uma cuíca na discografia de Michael Jackson.

A faixa ‘Wanna Be Startin’ Somethin”, primeira do álbum ‘Thriller’, tem alguns segundos do instrumento de percussão afro-brasileiro. Ouça abaixo e repare na cuíca entre os 2:23 e 2:30.

Ouça ‘Wanna Be Startin’ Somethin”:

Em 2015, Paulinho da Costa explicou como o instrumento foi parar em ‘Thriller’. “Eu fiz com a cuíca o mesmo riff que se fazia com a guitarra, e Michael adorou”, disse ele ao site ‘Uol’.

Veja também:
Apesar de queda, Michael Jackson ainda é o artista morto que mais lucra

Questionado sobre se esse é o seu álbum predileto do cantor, o brasileiro não concordou, mas não deixou de reconhecer o valor da obra – da qual fez parte. “O disco meu favorito do Michael é ‘Off the Wall’, mas o ‘Thriller’ tem muito valor”, disse, no bate-papo com ‘O Globo’.

Tão próximo de Michael Jackson durante tantas décadas, Paulinho da Costa relembrou a notícia da morte do cantor e disse que ele tinha muitas músicas guardadas e estava muito animado para voltar aos palcos.

O brasileiro, muito elogiado por todos os trabalhos que fez com outros músicos, era admirado por Michael Jackson. De acordo com o jornal ‘O Estado de S. Paulo’, o cantor classificou o brasileiro como o “maior percussionista do mundo”.

Madonna, a rainha do Pop

Em meio aos trabalhos com o Rei do Pop, outra divindade da música pop americana se impressionou com o brasileiro: Madonna, a rainha do Pop, que teve grandes hits que contaram com a percussão de Paulinho da Costa.

A parceria começou com ‘La Isla Bonita’, cujo videoclipe, inclusive, tem o brasileiro na primeira cena. Ele é o homem que aparece tocando bongô numa calçada.

Veja o videoclipe de ‘La Isla Bonita’:

Além da contribuição na percussão, Paulinho da Costa afirmou que é o responsável pelo nome da canção. Ela queria um título latino para a faixa, mas não tinha ideia do qual poderia ser. O jeitinho brasileiro despontou e trouxe a solução.

“Como ela queria um nome latino, liguei para um amigo mexicano, um mecânico que conserta Mercedes. Ele me sugeriu: ‘La Isla Bonita’. Madonna amou”, relembrou o brasileiro em entrevista ao UOL.

O mecânico quis só uma coisa em troca: “Meu amigo pediu apenas uma foto autografada, e Madonna assinou na hora”, destacou Paulinho, que explicou ter tido uma “relação profissional muito próxima” com a rainha do Pop.

Ele também tocou em músicas como as clássicas ‘Like A Prayer’ e ‘Express Yourself’, além de ‘Love Makes The World Go Round’, ‘Open Your Heart’, ‘Cherish’, ‘Spanish Eyes’ e ‘Keep It Together’.

Veja o videoclipe de ‘Like A Prayer’:

Paulinho da Costa no cinema

Foto: Divulgação

Ainda por volta da década de 1970, Paulinho da Costa começou a trabalhar em trilhas sonoras cinematográficas.

Ele recebeu um convite de Quincy Jones, o prestigiado arranjador vocal e produtor musical norte-americano, para participar da gravação das músicas do longa ‘O mágico inesquecível’ (1978).

Anos depois, ele participou da gravação de ‘(I’ve had) The time of my life’, a famosa canção do filme ‘Dirty Dancing’ (1987).

Ouça ‘The time of my life’:

Mais recentemente, o brasileiro trabalhou com John Williams, o compositor de ‘Imperial March’, a música-tema de Darth Vader, na trilogia original de ‘Star Wars’.

Embora permaneça desconhecido do grande público brasileiro, Paulinho da Costa entrou para o chamado mundo geek ao participar da trilha sonora de ‘Star Wars: Os Últimos Jedi’ (2017).

Ouça ‘Imperial March’, regida ao vivo por John Williams (com Stormtroppers e uma surpresinha):