Grazielly da Silva Barbosa, falsa biomédica responsável por realizar um procedimento estético ilegal na influenciadora Aline Ferreira, de 33 anos, continuará presa.
A decisão foi tomada pela Justiça de Goiás, que converteu a prisão em flagrante para preventiva nesta quinta-feira (4).
A falsa biomédica, que não possui formação superior e não é registrada no conselho regional da categoria, aplicou polimetilmetacrilato (PMMA) nos glúteos da influenciadora, resultando em uma infecção generalizada que levou Aline à morte dias depois.
Grazielly foi detida em flagrante na quarta-feira (3).
A influenciadora Aline Ferreira, que acumulava mais de 47 mil seguidores no Instagram, começou a se sentir mal logo após o procedimento estético realizado no dia 23 de junho, com a intenção de aumentar o formato dos glúteos.
Segundo testemunhas, ela apresentou febre e dores abdominais após retornar para casa, no Distrito Federal (DF).
A família de Aline tentou contato com a clínica ‘Ame-se’, centro estético onde o procedimento foi realizado, em Goiânia (GO). A equipe do estabelecimento recomendou apenas que a paciente tomasse um analgésico.
A situação piorou e Aline foi levada pelo marido a um hospital particular na Asa Norte, em Brasília, depois transferida para o Hospital Regional da Asa Norte (Hran), onde ficou internada por um dia.
No sábado (29), a influenciadora foi transferida para outro hospital particular da Asa Sul, onde faleceu três dias depois.
Grazielly, proprietária da clínica ‘Ame-se’, negou ter aplicado PMMA, alegando ter usado um bioestimulador. Ela também afirmou que a infecção poderia ter sido causada pelo lençol de casa, versão desmentida pela família.
Veja fotos de Aline Ferreira, que morreu aos 33 anos de idade após aplicação de PMMA nos glúteos:
Na manhã de quinta-feira (4), a polícia divulgou imagens da clínica onde o procedimento foi realizado. Grazielly foi presa por crimes contra as relações de consumo e segue detida preventivamente enquanto as investigações continuam.
A Justiça decidiu manter a prisão devido à gravidade do caso e à falta de qualificação da suspeita para realizar procedimentos médicos.
O caso chamou a atenção e repercutiu muito entre os internautas sobre os perigos de procedimentos estéticos realizados por profissionais não qualificados.
A família de Aline relatou que foram aplicados 30 ml de PMMA em cada glúteo da influenciadora, quantidade considerada excessiva e perigosa.
Clínica da falsa biomédica
Atendendo sem formação superior e com diversas irregularidades, Grazielly operava na clínica ‘Ame-se’, localizada no Setor dos Funcionários, em Goiânia (GO). A falsa biomédica foi detida na quarta-feira (3) enquanto atendia outros pacientes.
Em depoimento, Grazielly afirmou ter cursado apenas até o terceiro período de Medicina em uma Faculdade no Paraguai, sem concluir o curso.
“Ela não possui registro no Conselho Regional de Biomedicina (CRB) e disse que cursou até o 3º período do curso de Medicina no Paraguai, mas que havia trancado o curso. Isso foi há 3 anos. Ela também afirmou que tinha feito alguns cursos livres na área da estética, mas não apresentou nenhum diploma ou certificado”, destacou a delegada Débora Melo.
Durante a investigação, a Vigilância Sanitária constatou que a clínica operava sem alvará sanitário, prontuários de pacientes, exigência de exames prévios ou contratos formais com os clientes.
Rótulos de polimetilmetacrilato (PMMA), substância de risco máximo segundo a Anvisa, foram encontrados no local. O produto deve ser aplicado apenas por médicos em pequenas correções e casos específicos, como em pessoas com HIV, e não é recomendado para fins estéticos.
Grazielly responderá por três crimes: exercício ilegal da Medicina, execução de serviço de alta periculosidade e indução do consumidor ao erro.
Outro inquérito investigará se houve lesão corporal seguida de morte, para estabelecer a relação da aplicação do produto com o falecimento de Aline, já que o laudo pericial não apontou a causa da morte.
A polícia também solicitou acesso aos celulares apreendidos para entender como Grazielly adquiria os produtos e abordava os clientes. Até o momento, nenhuma outra vítima foi identificada.
Familiares e amigos de Aline afirmaram que ela estava em “perfeito estado” antes do procedimento. Uma amiga da influenciadora, que também havia passado por procedimentos com Grazielly e estava presente no dia do ocorrido, declarou que a falsa biomédica nunca mencionou os riscos.
“Em nenhum momento a presa esclareceu a formação e não falou dos riscos da aplicação, dizendo [segundo a amiga] que era um procedimento tranquilo e simples”, relatou em entrevista.
Grazielly apresentou versões divergentes durante o interrogatório, ora confirmando a aplicação de PMMA, ora alegando ter utilizado um bioestimulador.
Confira algumas fotos da clínica ‘Ame-se’ quando Grazielly foi presa:
Dona de clínica fazia limpeza de pele em cliente quando foi presa
A polícia prendeu Grazielly enquanto ela realizava um atendimento na clínica em Goiânia (GO).
“Quando chegamos lá, verificamos que a dona da clínica estava em pleno atendimento. Havia um fluxo de pacientes entrando e saindo“, afirmou a delegada.
No momento da prisão, Grazielly estava fazendo uma limpeza de pele e dando orientações sobre um procedimento de botox.
Aline Ferreira pagou R$ 3 mil para realizar um procedimento de aumento dos glúteos usando polimetilmetacrilato (PMMA).
O plano era que o tratamento fosse feito em três sessões, mas Aline faleceu após a primeira aplicação.
Morte após procedimento: mãe diz que Aline Ferreira confiava na clínica
Fonte: Metrópoles
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