Fruto do Projeto Memória Brasileira, criado por Myriam Taubkin em 1987, com a proposta de realizar um mapeamento detalhado da música brasileira, o Violeiros do Brasil Festival Online reúne 14 violeiros em sete apresentações virtuais.
Em cada apresentação, um mestre violeiro fará seu show e, em seguida, tocará em duo com o convidado, que termina com sua performance.
O lançamento oficial do festival acontecerá em parceria com o Museu da Casa Brasileira (MCB), instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, no dia 9 de abril, às 19h, pelo canal do YouTube do MCB.
A roda de conversa virtual contará com a presença de Carmelita de Moraes (curadora do projeto Música no MCB), Myriam Taubkin (criadora do Projeto Memória Brasileira, idealizadora e diretora musicaldo festival Violeiros do Brasil) e os artistas Roberto Corrêa, Pereira da Viola, Laís de Assis e Neymar Dias.
O festival será realizado dias 9, 10 e 11 (sexta, sábado e domingo), e nos dois fins de semana seguintes – dias 17, 18 e 24 e 25 de abril, com trechos gravados e inserção de conteúdos do histórico do projeto, como shows e o DVD Violeiros do Brasil.
A transmissão será gratuita pelo YouTube, basta clicar aqui.
Tavinho Moura apresenta Fabrício Conde (9 de abril), Marco Vilalba – o Passoca faz as honras para Neymar Dias (10 de abril), Pereira da Viola vem com Ricardo Vignini (11 de abril), Adelmo Arcoverde abre caminho para Laís de Assis (17 de abril), Paulo Freire divide o palco com João Paulo Amaral (18 de abril), Ivan Vilela recebe Bruno Sanches (24 de abril), Roberto Correia convida Cacai Nunes (25 de abril).
Os sete jovens violeiros foram escolhidos pelos artistas convidados em conjunto com a curadoria do projeto.
As apresentações incluem, além das músicas, “causos” e histórias sobre as canções, a viola e as tradições deste instrumento, assim como sobre a trajetória de cada violeiro. Cada apresentação terá duração de aproximadamente 50 minutos e sempre às 20 horas.
A ideia é mostrar os vários percursos do instrumento no Brasil, tocado e contado pelos seus mais significativos representantes e compositores atuais, atualizando o panorama da viola brasileira.
“Violeiros do Brasil é um olhar sobre o instrumento. Cada artista convidado possui uma característica importante no cenário da viola brasileira. De Nordeste a Sudeste do Brasil, nas regiões onde o instrumento faz parte do cotidiano, os tocadores mostram a diversidade, a força, as tradições e a modernidade da viola dentro da nossa música”, observa a diretora musical Myriam Taubkin, ressaltando que “o universo da viola é extremamente relevante para a compreensão da música brasileira”.
De acordo com a diretora musical, o objetivo do projeto é manter acesa a chama da viola, que por ter sido transmitida pela oralidade através do tempo, com pouca história de escrita musical, tem lhe conferido inúmeras possibilidades de invenção.
“A viola está aberta a qualquer desafio: é um instrumento solista e se impõe em qualquer formação, seja na música popular e seja na de orquestra. É esta diversidade que queremos mostrar, pelas mãos dos grandes violeiros e dos jovens instrumentistas. A viola, seus formatos, sua maneira de tocar e seu timbre são extremamente peculiares e autenticamente brasileiros”.
História da viola no Brasil
A viola chegou ao Brasil com os colonizadores no século 16, e nunca perdeu sua vocação de festeira e de representante do gosto popular, mais precisamente no interior do país.
Durante quase cinco séculos, a viola permaneceu um instrumento rústico, com formato semelhante ao original, fazendo parte da vida rural. Foi por volta de 1930 que a viola começou sua transformação, quando passou a ser produzida nas fábricas de violão e de outros instrumentos de cordas.
As inovações no instrumento facilitaram a sua execução, e a viola ganhou diferentes maneiras de ser tocada.
“Ela chegou de mansinho, toda faceira, a portuguesinha, para conhecer nossos chocalhos, flautas e apitos. E foi gostando e foi ficando e percorreu o Brasil pendurada nos arreios das mulas dos peões, nos sertões, nas praias, nas estradas de terra, dentro de sacos encardidos…”, escreveu Inezita Barroso no prefácio do livro ‘Violeiros do Brasil’.
“Mas quando abria a voz, tocada por mãos calosas, até os pássaros ficavam mudos. E foi ficando nossa para sempre, nas festas religiosas, nos desafios, nos mutirões, nos bailinhos, muito enfeitada de fitas coloridas no pescoço e com suas dez cordas muito afinadas. E nos apaixonamos por ela. Como dizia João Pacífico, “viola é feita de pinho, mas tem coração”. Acompanhando um cantador ou uma dupla, ou solando, abraçada sempre com carinho, são dois corações que pulsam juntos”, completa ela.
‘Violeiros do Brasil’ teve seu início em 1997. Durante um mês, o Sesc Pompéia em São Paulo foi palco do instrumento através de concertos, oficinas, exposições e vídeos.
Foi o primeiro grande encontro de artistas representativos da viola, de diferentes lugares do país, entre os quais Ivan Vilela, Roberto Correa, Almir Sater, Pena Branca, Renato Andrade, Zé Coco do Riachão, Tavinho Moura, Passoca, Pereira da Viola, Paulo Freire, entre outros. O projeto virou CD e série de programas da TV Cultura e foi referência no universo da viola.
Em 2007, o Projeto Memória Brasileira documentou – em livro, filme e espetáculos pelo Brasil, Inglaterra e Bélgica – estes mesmos artistas 10 anos depois, desta vez indo às suas moradas; o resultado é reconhecido como marco na história da viola.
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