Daniel Cravinhos, um dos condenados pelo chocante assassinato de Manfred e Marísia von Richthofen, está tentando restabelecer contato com Andreas von Richthofen, irmão de sua ex-namorada Suzane.
Segundo informações divulgadas por Ullisses Campbell, o conhecido biógrafo da assassina, Cravinhos fez essa tentativa através de uma carta, enviada por intermédio de um amigo que ambos têm em comum.
O ex-cunhado de Andreas, que recentemente recuperou sua liberdade após cumprir pena, revelou em entrevista que, por residir próximo à atual moradia de Andreas, sente receio de tentar um contato direto.
“No passado, antes do julgamento, Suzane tentou encontrá-lo, e ele foi até a delegacia registrar um boletim de ocorrência contra ela. Tenho esse medo”, recordou Daniel Cravinhos.
Na carta, Daniel expressa seu desejo de diálogo e redenção: “Gostaria de conversar contigo e expressar meus sentimentos, mas compreenderei se preferires não olhar na minha cara”, escreveu ele no apelo.
A mensagem foi revelada com exclusividade na coluna de Campbell no jornal ‘O Globo’, que também comentou sobre as tentativas anteriores de mediação desse amigo comum, que não tiveram sucesso, deixando Andreas bastante perturbado ao reconhecer a voz de Cravinhos.
Antes da tragédia que abalou a sociedade brasileira em 2002, Daniel e Andreas mantinham uma relação de amizade, compartilhando momentos significativos.
Na correspondência, Cravinhos reflete sobre esses tempos e implora por misericórdia, destacando o impacto profundo que o crime teve sobre a vida de Andreas.
Leia a carta de Daniel Cravinhos para o ex-cunhado, Andreas, na íntegra:
“Querido Andreas,
Após sete anos de reflexão, finalmente encontro coragem para escrever a você. Sinto-me apreensivo com a sua possível reação ao ler essa carta. Recentemente, tomei conhecimento de notícias suas por meio de amigos em comum e pela imprensa, o que me levou a tomar a decisão de pôr para fora o que estou sentindo.
Minha mente está em turbilhão, pois meu desejo mais profundo é ter o seu perdão. As palavras mal conseguem expressar a intensidade de minha angústia e remorso. Minhas mãos tremem enquanto escrevo, e cada linha é uma batalha contra os fantasmas do passado.
Há duas décadas, desde aquele fatídico dia, carrego o peso do arrependimento e da culpa, ciente de que minhas ações trouxeram tamanha tragédia para nossas vidas. Desde sempre penso em você, a maior vítima de tudo o que aconteceu. Hoje, ao praticar motovelocidade, a imagem do seu rosto vem à minha mente. Como seria bom ter você ao meu lado, correndo em uma moto. Lembra do mobilete que construímos juntos?
Somos vizinhos em São Roque. Meu sítio fica a três quilômetros do seu. Sinto vontade de tocar a sua campainha, mas temo sua reação. Morro de medo que você se sinta ameaçado com a minha presença. Além disso, sei que a sociedade me vê unicamente como o assassino de seu pai. E você? Como você me enxerga além disso?
Saí da prisão em 2017 após perder 17 anos de minha liberdade. Mas você perdeu muito mais do que eu. Desejo compreender seu luto e fazer parte dele. Lembro do dia da reprodução simulada feita na sua casa duas semanas após o crime, quando você abraçou o Cristian e me olhou emocionado. Quando íamos nos abraçar, os policiais não deixaram. Entendi o seu gesto de carinho como um perdão. Contudo, você era apenas um adolescente. Hoje, você é um homem adulto. Gostaria de conversar contigo e expressar meus sentimentos.
Desde que saí da prisão, reconstruí minha vida, assim como Suzane, sua irmã. Aos trancos e barrancos, o Cristian também está tentando recomeçar. No entanto, a culpa continua a me perturbar. Parte de minha família me rejeita, e sinto que um dedo acusador aponta para mim constantemente, me lembrando do que fiz. Essa culpa não desaparecerá com a sentença que me condenou a 39 anos. Seguirá comigo até o fim dos meus dias.
Espero, do fundo de minha alma, que você encontre no coração a compaixão para me perdoar. Sei que minhas palavras podem parecer insuficientes diante da magnitude do que aconteceu, mas é com toda a sinceridade e humildade que peço por tua misericórdia. Estou disposto a enfrentar as consequências de meus atos e a fazer tudo o que estiver ao meu alcance para tentar reparar o enorme dano que lhe causei. Se você permitir, gostaria de ter a oportunidade de falar pessoalmente, olhos nos olhos, e abrir meu coração.
Mas, se você preferir manter distância, respeitarei. Apenas desejo saber o tamanho do abismo emocional que nos separa para saber se é possível atravessá-lo. Hoje, serias capaz de me dar o abraço que não aconteceu 22 anos atrás?
Daniel Cravinhos”.
Dívidas de Andreas von Richthofen
Andreas von Richthofen, conhecido por sua ligação com um dos casos mais emblemáticos do país, o assassinato de seus pais, Manfred e Marísia von Richthofen, volta aos holofotes por um motivo diferente: suas dívidas e processos legais.
Após uma longa disputa judicial com sua irmã Suzane, Andreas garantiu a herança dos pais, estimada em quase R$ 10 milhões. Essa fortuna incluía diversos bens, como carros, terrenos, imóveis e valores em contas bancárias e investimentos.
No entanto, de acordo com Ullisses Campbell, renomado jornalista e escritor da coluna ‘True Crime’ do jornal ‘O Globo’, Andreas, agora com 36 anos, enfrenta um cenário complicado.
Vinte anos após a tragédia que abalou o país, ele está envolvido em 24 processos judiciais em São Paulo, relacionados a dívidas de IPTU e condomínio em atraso, totalizando cerca de meio milhão de reais.
Entre as adversidades enfrentadas por Andreas, destacam-se invasões em suas propriedades. Segundo apurações do jornal, duas das seis casas herdadas foram ocupadas por falsos sem-teto, uma prática em que pessoas ocupam residências desocupadas e reivindicam a posse após um período determinado.
Uma das propriedades chegou a ser perdida pelo irmão de Suzane por usucapião, um mecanismo legal que permite a aquisição de um imóvel por posse prolongada e pacífica.
Além das questões relacionadas à posse de suas propriedades, Andreas enfrenta processos movidos pelas prefeituras de São Paulo e São Roque por dívidas de IPTU.
A situação é tão delicada que mesmo as autoridades judiciais enfrentam dificuldades para localizá-lo, já que ele vive isolado em um sítio em São Roque, sem telefone nem internet, tornando-o praticamente incomunicável.
Enquanto tenta solucionar esses problemas, Andreas von Richthofen permanece envolto em uma teia complexa de processos legais e dívidas, afastando-se cada vez mais do cenário público que, outrora, esteve ligado ao infame caso que marcou a história do país.
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