A cantora Anitta rebateu o motorista de Viamão, região metropolitana de Porto Alegre, que foi banido da Uber após ser acusado de assediar uma passageira adolescente de 17 anos. Em uma entrevista a uma emissora de TV, o homem se justificou dizendo que a jovem estava usando um “short do tipo Anitta”.
A adolescente filmou uma parte da corrida e mostrou os comentários do motorista, que disse que namoraria com ela caso não fosse comprometida e afirmou que não haveria problema em ter um relacionamento com alguém de 17 anos. “Seria problema se tu tivesse 13 anos. E eu acho que tu não tem 13 anos. Que aí tu seria menor incapaz. De 14 anos para cima tu já é responsável”, disse o homem, no vídeo divulgado pela jovem.
Ao se explicar em entrevista à Rede RBS, ele declarou: “Vocês tiveram acesso ao vídeo que ela postou, mas ela está sorrindo, bem espalhada no banco, em posições que eu não gostaria de citar […], com um short tipo Anitta, com mini blusa, pernas abertas no banco, o que chama atenção”.
A artista ficou incomodada com a situação – e a posterior declaração do motorista – e resolveu se manifestar nas redes sociais. “Acabei de receber este vídeo onde o motorista de uber que assediou uma passageira menor de idade tenta justificar o injustificável (seu assédio) dizendo que a menina estava usando um short ‘tipo Anitta’ e sentada numa posição favorável ao assédio”, afirmou ela, inicialmente, ao compartilhar a filmagem em questão.
Acabei de receber este vídeo onde o motorista de uber que assediou uma passageira menor de idade tenta justificar o injustificável (seu assédio) dizendo que a menina estava usando um short "tipo Anitta" e sentada numa posição favorável ao assédio pic.twitter.com/2NvMmmQjUR
— Anitta (@Anitta) February 18, 2020
Em outras mensagens, Anitta continua: “NADA justifica um assédio. A forma de se vestir, sentar, falar etc não significa qualquer autorização ou pedido ou convite a ser assediada e/ou invadida, abusada, estuprada etc. Quanto à menina estar usando um short ‘tipo Anitta’, pra mim significa que ela é independente, não tem medo de ser quem ela quer e, acima de tudo, bem inteligente pra denunciar e expor um assediador para que outras meninas não passem pelo mesmo que ela”.
NADA justifica um assédio. A forma de se vestir, sentar, falar etc não significa qualquer autorização ou pedido ou convite a ser assediada e/ou invadida, abusada, estuprada etc.
— Anitta (@Anitta) February 18, 2020
Quanto à menina estar usando um short "tipo Anitta", pra mim significa que ela é independente, não tem medo de ser quem ela quer e, acima de tudo, bem inteligente pra denunciar e expor um assediador para que outras meninas não passem pelo mesmo que ela.
— Anitta (@Anitta) February 18, 2020
As mensagens conquistaram bastante repercussão nas redes sociais. Juntos, os três posts feitos no Twitter acumularam 385 mil curtidas. Somente a publicação com o vídeo obteve mais de 3,5 milhões de visualizações.
Em entrevista posterior, publicada pelo ‘Uol’, Anitta voltou a falar sobre o assunto. “Um homem jamais pode achar que por causa de uma fantasia, ou de uma roupa, ou um jeito de dançar, a menina está pedindo para ser assediada”, afirmou.
Ela completou: “O Carnaval está chegando e, como as pessoas bebem, os homens acham que podem tudo. As mulheres gostam de se fantasiar, e isso não significa que elas dão liberdade ou autorização para qualquer tipo de assédio. Puxada de cabelo, puxada de braço, passar a mão. Isso não existe”.
A explicação da Uber
Em comunicado, a Uber explicou que o motorista foi banido de sua plataforma após a denúncia ter sido feito. A empresa declarou repudiar atos de violência.
Leia a nota na íntegra:
“A Uber considera inaceitável e repudia qualquer ato de violência contra mulheres. A empresa acredita na importância de combater, coibir e denunciar casos dessa natureza às autoridades competentes. A conta do motorista parceiro foi banida assim que a denúncia foi feita.
A empresa defende que as mulheres têm o direito de ir e vir da maneira que quiserem e têm o direito de fazer isso em um ambiente seguro. Todas as viagens com a plataforma são registradas por GPS. Isso permite que em caso de incidentes nossa equipe especializada possa dar o suporte necessário, sabendo quem foi o motorista parceiro e o usuário, seus históricos e qual o trajeto realizado.
Como parte do processo de cadastramento para utilizar o aplicativo da Uber, todos os motoristas passam por uma checagem de antecedentes criminais realizada por empresa especializada que, a partir dos documentos fornecidos pelo próprio motorista e com consentimento deste, consulta informações de diversos bancos de dados oficiais e públicos de todo o País em busca de apontamentos criminais, na forma da lei. A Uber também realiza rechecagens periódicas dos motoristas já aprovados pelo menos uma vez a cada 12 meses.
Desde 2018 a Uber tem um compromisso público para enfrentamento à violência contra a mulher no Brasil, materializado no investimento em projetos elaborados em parceria com entidades que são referência no assunto, que inclui campanhas contra o assédio e podcast para motoristas parceiros sobre violência contra a mulher, entre outras ações. Em novembro, a Uber anunciou um investimento de R$ 5 milhões para continuidade desse compromisso ao longo dos próximos anos.”
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