A pescadora Maria das Graças Mota Bernardo, de 64 anos, e o marido, José Nilson de Souza Bernardo, 69, ficaram à deriva em um barco no Rio Negro, em Iranduba, a 27 milhas de Manaus (AM), por quase uma semana.
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A pescadora foi resgatada pela Marinha na última terça-feira (4) após passar dias e noites de desespero total ao se ver sozinha no meio do Rio Negro. Infelizmente, José Nilson faleceu na primeira noite da pescaria.
O casal saiu da Comunidade Carão para pescar no dia 29 de março por volta das 5h, com previsão de retorno na quinta (30).
Eles usavam duas embarcações – uma como abrigo e outra menor para armazenar os peixes. Ao perceber que José e Maria não retornaram no dia combinado, a família começou a procurar pelo casal.
Foi aí que encontraram a embarcação menor amarrada a uma árvore com peixes podres e redes de pesca na água. O desaparecimento, então, foi registrado pela Polícia Civil e as buscas começaram.
Veja a foto da embarcação encontrada pelos familiares do casal, amarrada em uma árvore:
A Marinha intensificou as buscas com apoio do Corpo de Bombeiros até localizar o casal, nesta terça-feira (4).
Cristiane Bernardo, filha do casal, contou em entrevista ao portal ‘G1’ que, após sofrer um infarto, José Nilson caiu na embarcação e morreu. Maria das Graças, então, remou até ser encontrada.
“Eles andavam com um fogãozinho e uma botija. Eles jantaram, e ele foi deitar na rede. A corda da rede estalou e ele se espantou, gritou, levantou e bateu o joelho. Ele sentou na rede e começou a se abanar com pano. Ele dizia pra ela que estava com calor“, contou a filha do casal.
“Ela disse que ele levantou, deu um grito e caiu. Ele levantou da rede com dificuldade. Ela pegou, ela levantou a cabeça dele e ele deu o último suspiro”, relatou.
Essa seria a primeira viagem de pescaria feita por Maria das Graças junto com o marido, uma viagem planejada há meses.
“Eles tinham planejado essa viagem há meses. Ele queria levar ela para bater fotos. Ia ser o momento deles“, contou a filha.
Pescadora comeu peixe cru
Durante o tempo em que ficou à deriva no Rio Negro, Maria das Graças se alimentou de peixe cru e farinha por quase uma semana.
“Como acabou, um dia ela só bebeu água. Noutro dia, ela só comeu farinha com água e tomou suco de limão puro”, disse ela.
No terceiro dia, um homem em uma canoa com motor passou, mas não prestou ajuda. “Ela pediu ajuda. Ele simplesmente não deu, continuou seguindo”, relatou Cristiane.
Maria das Graças decidiu bater as panelas que estavam na embarcação, com o intuito de ser ouvida. “Gritava e ninguém respondia“, contou a filha.
Conforme os dias foram passando, o corpo de José Nilson começou a se decompor e Maria teve que defender o corpo do marido de animais, como urubus e jacarés.
“Ela disse que os urubus começaram a sentar em cima da canoa. Ela batia, ela gritava. Ela botou lençol nele. Tirou a lona de cima do toldo e botou nele, porque as abelhas e os mosquitos já estavam sentando no corpo dele”, relatou Cristiane.
Perdida no Rio Negro, Maria das Graças teve a ideia de amarrar uma corda no próprio corpo. “Ela sabia que a qualquer momento, ela poderia cair para dentro da água e ela não sabe nadar“, disse a filha.
Ainda durante a entrevista, ela acrescentou que a mãe está debilitada e muito abalada com tudo que aconteceu. “Não consegue dormir“, afirmou Cristiane.
A Marinha localizou a embarcação e a pescadora foi resgatada por meio da técnica de helocasting – na qual o tripulante de resgate é lançado na água e segue a nado para a embarcação.
Ela recebeu os primeiros socorros e depois foi levada de helicóptero até o atendimento clínico e psicológico no Serviço de Pronto Atendimento da Zona Sul (SPA Zona Sul). A pescadora foi liberada para ir para casa na manhã seguinte.
O corpo de José Nilton foi transportado ao necrotério do hospital de Novo Airão e a família busca transferi-lo para Manaus (AM) para realizar o sepultamento. A Marinha instaurará um inquérito para investigar o caso.
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