Foto: Divulgação chico science

Morte de Chico Science: do acidente com ação milionária ao legado manguebeat

Pioneiro do movimento manguebeat com a banda Chico Science & Nação Zumbi, Francisco de Assis França Caldas Brandão, o Chico Science, morreu em 2 de fevereiro de 1997, um mês antes de completar 31 anos. Ele sofreu um acidente de carro que um gerou processo judicial com indenização milionária.

Apesar da morte precoce, o legado do cantor e compositor pernambucano segue atual por influenciar a cena, com bandas como BaianaSystem – que tem tons de manguebeat em seu hibridismo musical – e até homenagens em blocos de Carnaval pelo Brasil afora.

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O acidente e a morte de Chico Science

Chico Science estava dirigindo sozinho pela rodovia PE-1, no trecho entre Recife e Olinda, quando foi fechado por outro veículo.

Ao desviar, chocou-se com um poste em frente à Escola de Aprendizes-Marinheiros, no Complexo de Salgadinho. Um militar que viajava em um ônibus que passava pelo local desembarcou para ajudar a socorrer o músico.

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O acidente ocorreu por volta das 18h. Science foi levado ao Hospital da Restauração, onde deu entrada às 20h, mas já chegou sem vida. As causas da morte foram fraturas múltiplas na face, traumatismo craniano e afundamento do tórax.

O enterro do precursor do manguebeat movimentou a cidade de Recife, já no tradicional ritmo de pré-Carnaval – que teria apresentações do cantor.

Pelo menos 10 mil pessoas passaram pelo velório de Chico Science, para se despedir do artista. O estado de Pernambuco decretou luto oficial de 3 dias.

Processo judicial

Embora não tenha envolvido outras pessoas, o acidente de Chico Science gerou um processo judicial. O motivo: o cantor dirigia um Fiat Uno Mille, de placa KHH-7486, que estaria com um defeito de fabricação.

Uma perícia apontou que, apesar de ter deixado o carro destruído, o acidente só foi fatal por conta de um problema na fivela do cinto de segurança. O mecanismo quebrou durante a batida, o que fez o cantor ser arremessado do veículo.

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Dez anos depois, a família de Chico Science recebeu indenização milionária da Fiat, que, conforme a sentença, não ficou abaixo do valor de R$ 10 milhões. O cálculo foi feito com base no patrimônio que Chico Science teria acumulado com a carreira na música até os 65 anos.

Para a juíza do caso, Angela Carvalho Mello, da 5ª Vara Cível de Órfãos, Interditos e Ausentes da Comarca de Olinda, a decisão teve caráter “punitivo e pedagógico”. Ela ainda disse considerar que a morte de Chico Science foi injusta.

Chico Science, o mangueboy

A consagração de Chico Science veio com os álbuns ‘Da Lama ao Caos‘ (1994) e ‘Afrociberdelia’ (1996), gravados com a Nação Zumbi, rendendo uma série de turnês pelo Brasil, Europa e Estados Unidos.

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O manguebeat de Science fez mais do que recolocar Pernambuco no mapa musical: criou um estilo que juntou referências locais, com maracatu e batidas eletrônicas – e deu um novo gênero para a música brasileira.

O guitarrista Robertinho de Recife, na década de 1970, já criava sonoridades associadas ao manguebeat e, nos anos 1990, bandas como Mundo Livre S/A e Sheik Tosado, entre outras, surgiram junto da Nação Zumbi em meio ao movimento.

Contudo, Chico Science é visto como a grande referência do estilo – não só pelo legado construído, como pela morte precoce que deixou muita gente comovida.

“A morte de Chico Science fez com que o Brasil reconhecesse o artista que ele era”, afirmou China, ex-vocalista da extinta Sheik Tosado, ao jornal ‘O Estado de S. Paulo’.

“Imagina o que ele estaria fazendo hoje em dia? Foi o maior marco do manguebeat. As pessoas passaram a reconhecer e aplaudir Chico”, completa.

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