Foto: Eliseu Carvalho / divulgação dante mantovani

Presidente da Funarte que ligou rock a aborto e satanismo é demitido

Regina Duarte, nova secretária de Cultura do governo federal, exonerou seis presidentes de órgãos culturais brasileiros nesta quarta-feira (4), conforme publicado no Diário Oficial da União. Entre eles, está Dante Mantovani, maestro graduado em música e presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte) efetivado no fim de 2019.

Mantovani gerou polêmica, ainda em 2019, ao falar sobre o rock em vídeo no YouTube, dizendo que o estilo “ativa o aborto e o satanismo”. Na filmagem, publicada no fim de outubro e retirada do ar posteriormente, ele busca fazer uma relação entre os Beatles e a Escola de Frankfurt, vertente de teoria social e filosófica que tinha Theodor Adorno e Max Horkeimer como principais referências.

O agora ex-presidente da Funarte afirma que os Beatles exerceram as ideias da Escola de Frankfurt, que, de acordo com ele, buscava destruir a cultura ocidental. O foco principal era acabar com as famílias tradicionais, tidas como “base” do capitalismo. Ele declarou, ainda, que agentes comunistas infiltrados na Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) distribuíram a droga LSD para o público do festival Woodstock. O evento, realizado em 1969, ficou marcado como o auge da contracultura hippie..

Veja também:
Funarte proibiu rock em edital de prêmio para bandas? Não é bem assim

Além de Dante Mantovani, foram demitidos Camilo Calandrelli, da Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura; Reynaldo Pereira, da Secretaria da Economia Criativa; Marcos Azevedo, Secretário de Direitos Autorais e Propriedade Intelectual; e Rodrigo Junqueira, Secretário de Difusão e Infraestrutura Cultural. Outro nome dispensado foi Paulo Cesar Brasil, do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).

De acordo com o jornal ‘O Globo’, todos os gestores foram exonerados a pedido da própria Regina Duarte, que busca reaproximação da secretaria da Cultura e do governo federal com a classe artística brasileira. Os substitutos não foram anunciados até o momento.

Outros nomes que geraram polêmica recentemente não foram dispensados de suas funções. O filósofo Rafael Nogueira, que continua como presidente da Biblioteca Nacional, também é aluno de Olavo de Carvalho e já chegou a dizer: “Livros didáticos estão cheios de músicas de Caetano Veloso, Gabriel O Pensador, Legião Urbana. Depois não sabem por que está todo mundo analfabeto”. Por outro lado, ele já declarou ser fã de bandas como Angra e Shaman.

Gestor da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, que chamou atenção por relativizar temas como racismo e escravidão no Brasil, também foi mantido. Antes de ser nomeado para o cargo, ele deu declarações como “racismo real existe nos Estados Unidos, a negrada daqui reclama porque é imbecil e desinformada pela esquerda”, “a escravidão foi terrível, mas benéfica para os descendentes” e que o feriado Dia da Consciência Negra “precisa ser abolido nacionalmente por decreto presidencial, pois causa ncalculáveis perdas à economia do país, em nome de um falso herói dos negros (Zumbi dos Palmares, que escravizava negros) e de uma agenda política que alimenta o revanchismo histórico e doutrina o negro no vitimismo”.

Veja também:
33 cantores negam ter ido a evento de Bolsonaro e Planalto corrige lista

Igor Miranda é jornalista que escreve sobre música desde 2007 e com experiência na área cultural/musical.