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A morte de Cazuza, o primeiro artista brasileiro a revelar ter Aids

Nascido Agenor de Miranda Araújo Neto, o cantor Cazuza tornou-se um dos grandes nomes do rock nacional e, assim como Renato Russo, da Legião Urbana, também foi vítima de complicações causadas pelo vírus HIV – a Aids.

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A morte de Cazuza aconteceu aos 32 anos em 7 de julho de 1990, quando ele já estava em carreira solo após deixar o Barão Vermelho.

A doença influenciou as composições do poeta. Na música ‘Ideologia‘, por exemplo, ele diz “meu prazer agora é risco de vida” – em uma clara referência à condição de saúde que ele enfrentava naquele momento.

Em meio a suspeitas que levantou na época, ele foi a primeira personalidade brasileira a revelar o diagnóstico da doença.

A morte de Cazuza: descoberta da Aids

Em julho de 1985, Cazuza foi internado com febre e convulsões – que já eram sinais da doença, até então não identificada. Somente dois anos depois, já aos 29 anos, o cantor de ‘Exagerado‘ teve o diagnóstico da infecção pelo HIV confirmado.

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Era abril de 1987 e ele estava promovendo o segundo álbum da carreira solo, ‘Só Se For A Dois’, quando recebeu a notícia. Relatos de amigos e familiares dão conta de que ele chorou no ombro do amigo e produtor Ezequiel Neves ao saber do diagnóstico.

Apesar disso, Cazuza não parou os planos: deu continuidade aos shows do novo trabalho e seguiu com sua música.

Com essa mudança na vida do cantor, os temas das músicas mudaram. “Ele mesmo dizia que, depois da descoberta da Aids, parou de olhar para o próprio umbigo e passou a cantar o seu país”, contou a mãe dele, dona Lucinha Araújo, em entrevista à revista ‘Rolling Stone’, em 2015.

Falando sobre a Aids

Em uma entrevista para Marília Gabriela, em 1988, Cazuza foi questionado sobre se teria a doença, mas negou e disse apenas que teve uma suspeita. Visivelmente desconfortável com a pergunta, ele gagueja e hesita ao falar desse tema.

“Não estou aidético, não. Eu tive um problema muito sério, uma coisa de pulmão seríssima e estranhíssima, e realmente achei que eu tivesse com Aids e não tinha coragem de fazer o exame, mas agora está tudo legal”, declarou.

“Essa coisa de Aids, de tudo, eu, às vezes, acho que eu devia participar mais [fazer campanhas de conscientização]”, completou.

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Depois, ele explicou que, apesar de aprovar a iniciativa de conscientizar, não iria aceitar dizer que a doença é incurável.

“Eu acho que a Aids tem cura, eu acho que a Aids não mata. Se me chamassem [para dizer isso], eu iria dizer ‘não'”, acrescentou.

O cantor só revelou a doença para o público no ano seguinte, em fevereiro de 1989, numa entrevista a Zeca Camargo, no jornal ‘Folha de S. Paulo’ – o que o tornou a primeira personalidade brasileira a expor o HIV na mídia.

Veja o trecho da entrevista de Cazuza com Marília Gabriela:

A luta de Cazuza contra a doença

Logo depois de terminar de divulgar o segundo álbum, Cazuza viajou aos Estados Unidos para se submeter ao tratamento com AZT. Ele ficou internado durante cerca de dois meses no Hospital New England, em Boston.

De volta ao Brasil, ele tinha perdido peso e cabelo, e ficou hospitalizado várias vezes. Entre uma internação e outra, nasceram as músicas de ‘Ideologia’, que deram pistas sobre a luta que o cantor enfrentava.

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Além do trecho já citado da faixa-título, ele canta em ‘Boas Novas’: “Eu vi a cara da morte, e ela estava viva”.

Em outubro de 1989, o músico retornou aos EUA para o tratamento e ficou internado até março de 1990. Ele voltou ao Brasil e faleceu, no Rio de Janeiro, em 7 de julho daquele ano. A causa da morte de Cazuza, oficialmente, foi um choque séptico causado pela Aids.

Disco póstumo de Cazuza

Ainda em 1989, Cazuza gravou seu último álbum em vida, ‘Burguesia’, em meio ao tratamento. Contudo, ele deixou mais do que as 20 faixas que compõem o trabalho.

O álbum póstumo ‘Por Aí’ foi lançado um ano após a morte dele com 11 músicas inéditas, incluindo um cover de ‘Camila, Camila‘, da banda Nenhum de Nós, com Sandra de Sá.

Cinebiografia

A vida do cantor e sua luta contra a Aids foi retratada no filme ‘Cazuza – O Tempo Não Para’ (2004). O ator Daniel de Oliveira é quem interpreta o artista que entrou para a história da música brasileira e segue lembrado – e ouvido – até hoje.

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